Fonte: Adital
Ministros de Agricultura do G20 se reunirão amanhã (22) e dia 23 em Paris, França, com o objetivo de se preparar para a conferência que ocorre no mês de novembro, em Cannes. Para fazer frente à reunião, a Via Campesina realizará, amanhã, às 12h, o piquenique-ação “G20 Agricultura: não brinque com a nossa comida!”, no Jardim das Tulherias, próximo à Praça da Concórdia. Simultaneamente, mais de 500 organizações de todo o mundo farão um chamamento internacional contra a acumulação de terras.
Em comunicado, a Via Campesina rechaça as políticas alimentares lançadas pelos países ricos que compõem o G20, pois, apesar de serem pensadas por um pequeno grupo, atingem todo o mundo.
“Os alimentos deveriam estar no prato de todos, não somente no dos mais ricos. Portanto, o G20 não deveria tomar as decisões relacionadas com os alimentos e a agricultura, e muito menos o G8; em vez disso, estas decisões deveriam ser tomadas em um nível mais global, com participação de todos os países do mundo”, argumentam.
O comunicado afirma que o Comitê de Segurança Alimentar Mundial (CSA) das Nações Unidas deveria “ser respeitado como o espaço central onde as políticas globais sobre a alimentação se negociem com a participação da sociedade civil e se decidam por todos os governos”.
Os camponeses lembram ainda que, apesar de afirmar a intenção em construir uma nova ordem econômica mundial, o G20, desde sua criação, em 1999, tem fracassado nisso, professando posturas que os líderes das nações participantes descumprem ao promover políticas neoliberais. “A presidência francesa do G20 coloca a volatilidade dos preços agrícolas e o desenvolvimento rural na agenda do G20”, denunciam.
Segundo o movimento, os alimentos já estão chegando ao preço máximo, nos níveis alcançados em 2008, período de forte crise econômica. Dentre os fatores apontados pela Via Campesina como responsáveis pela instabilidade estão a liberalização do comércio, a desregulamentação dos mercados, a especulação, a promoção dos agrocombustíveis e a dependência que a agricultura industrial apresenta em relação aos combustíveis fósseis. Além disso, a orientação do agronegócio para o mercado externo também gera volatilidade nos preços.
“Quando a produção principal se vende aos mercados e não há disponibilidade de estoque tanto em nível comunitário como de país, a instabilidade dos preços pode ter um impacto mortal. Os camponeses perdem qualquer poder de negociação para determinar o preço, posto que são os exportadores, os grandes corretores de bolsa, e os supermercados os que controlam os mercados e se beneficiam de suas flutuações”, explicam.
Problema que se agrava com a aquisição massiva de terra agrícola por empresas transnacionais, desalojando camponeses e reduzindo a segurança alimentar de países da África, Ásia e América Latina. De acordo com a Via Campesina, a prática está legitimada nos “Princípios para o Investimento Agrícola Responsável” (RAI, na sigla em inglês).
Para solucionar a atual crise alimentar, o movimento propõe a criação de políticas públicas nacionais que regulem os mercados com o objetivo de fixar preços justos. Outra proposta é a adoção de políticas públicas baseadas na soberania alimentar, com defesa e promoção de uma agricultura de base camponesa, que valorize a produção em pequena escala e sustentável, com o objetivo de abastecer os mercados locais.
Sugere ainda que não se promova mais os agrocombustíveis e se acabe com a apropriação da terra, implementando os compromissos da Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural (CIRADR) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, por sua sigla em inglês), respeitando assim o direito a terra para os camponeses.
Com informações de Red Latina Sin Fronteras