Por Fernando Baptista
Com base em evidencias de que a estratégia geral de liberalização – e empreendedorismo neoliberal especificamente – não foi efetiva na redução de pobreza na África subsaariana nas três últimas décadas, esta tese se propõe a reexaminar o conceito de ‘empreendedorismo’ por meio da apreensão das percepções de jovens empreendedores urbanos marginalizados da África Oriental sobre um tipo ideal preliminar de ‘empreendedorismo popular coletivo’ e seu potencial para gerar bem-estar comum.
Duas perspectivas foram usadas neste esforço. A primeira surge da teoria e pratica da ‘economia solidária’ e de sua ênfase em autogestão democrática e no atendimento de necessidades coletivas. A segunda emerge do ‘enfoque de bem-estar’ e considera essencialmente que necessidades psicológicas e sociais são tão importantes quanto as materiais a propósito de gerar bem-estar. Este estudo é um exemplo de abordagem multimetodológica aplicada à investigação de um certo fenômeno especifico, no intuito de que alguns de seus resultados possam ser desdobrados não somente à compreensão de uma realidade mais geral, mas também a divisar como esta realidade ‘poderia ser’. Ele foi desenvolvido principalmente com grupos de jovens empreendedores em favelas de Nairóbi, Quênia. Em seguida, uma fase complementar foi realizada em assentamentos subnormais de Dar es Salaam, Tanzânia, com a intenção de produzir uma referência comparativa. Os resultados da pesquisa sugerem que estes jovens marginalizados são atraídos a reconhecer sua condição comum de exclusão e desvantagem social e a associar-se e fazer uma aposta de confiança na solidariedade como forma de possivelmente alcançar justiça e emancipação, restabelecer a esperança que foi perdida, e melhorar o próprio bem-estar individual e coletivo. De fato, a investigação identificou uma incidência significativa de atividades econômicas coletivas baseadas em autogestão democrática e expressas por meio de ‘grupos de jovens’.
Informações: baptista_f@yahoo.com.br e http://baptistaf.wordpress.com