No último dia 27, foi lançado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Projeto Etnodesenvolvimento e Economia Solidária do Programa Brasil Local, que realiza uma pesquisa em 105 comunidades quilombolas de 11 estados brasileiros, a fim de contribuir com o desenvolvimento da organização das comunidades quilombolas nos territórios étnicos solidários, através do fomento da Economia Solidária (ES).
O objetivo é articular a organização de redes de ES e etnodesenvolvimento, acompanhar e promover o fortalecimento de 100 empreendimentos existentes nos territórios étnicos solidários. Também deve ser realizado o planejamento participativo em cada território a fim de gerar Planos Locais de Etnodesenvolvimento e Economia Solidária.
Sandra Veiga, coordenadora do projeto, disse que aproximadamente oito mil casas serão visitadas pelos pesquisadores e pesquisadoras, que são os próprios quilombolas. “Eles que sempre foram objetos de pesquisa, hoje são os próprios pesquisadores”, ressaltou.
Para ela, o protagonismo e o reconhecimento da comunidade quilombola trarão benefícios e fortalecimento para o grupo. “O projeto é importante porque fará com que as comunidades quilombolas conheçam a si mesmas e se fortaleçam”, explicou. Uma das expectativas é criar um Centro Quilombola.
A metodologia utilizada pelo projeto será a da “pesquisa-ação”, já que os pesquisadores pesquisam a si mesmos, com base na própria experiência. A pesquisa-ação é um conjunto de métodos que promove um diferente desenvolvimento das comunidades quilombolas.
Iniciativas de empreendimentos econômicos solidários serão identificadas, e uma formação em cooperativismo e associativismo será feita. Essa pesquisa mapeará ainda o patrimônio histórico, artístico e cultural das comunidades, e todas as famílias serão visitadas para a realização de um censo quilombola. Os empreendimentos solidários quilombolas serão cadastrados nos Sistemas SIES-SENAES/MTE e Cirandas (FBES).
De acordo com Sandra, a primeira fase da pesquisa deve ser finalizada até fevereiro de 2011. Em seguida serão feitas as análises dos dados coletados e reuniões com as comunidades. A expectativa é que as demandas dos quilombolas sejam encaminhadas de acordo com as áreas que precisam de atenção.
Sandra lembrou que as comunidades quilombolas sempre foram ameaçadas por instituições interessadas em seu território de preservação e que a titulação das terras ainda é um dos grandes desafios a ser vencido pelas comunidades.
A iniciativa é da Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos (COPPETEC/UFRJ), em parceria com o Núcleo de Solidariedade Técnica (Soltec/UFRJ) e com a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas (Conaq). O projeto integra as ações do programa Brasil Local do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que tem articulação da Cáritas Brasileira.
Os territórios étnicos são espaços de desenvolvimento e de aplicação de políticas públicas em áreas interligadas, as quais se relacionam entre si de forma integrada, respeitando a identidade cultural e étnica da comunidade.
Mais informações: http://www.soltec.ufrj.br/index.php/etnodesenvolvimento