Fonte: Abong (www.abong.org.br)
O Fórum Nacional da Reforma Urbana (FNRU), com o apoio da Oxfam, realizou em 14 de julho uma oficina desafiante: “Construindo uma agenda feminista para a Conferência Nacional das Cidades”. Em sua segunda edição, a conferência ocorrerá de 30 de novembro a 3 de dezembro, em Brasília. A oficina antecedeu o Encontro Nacional do FNRU, cuja Secretaria Executiva está a cargo da Fase, e contou com uma mesa de debates, seguida por trabalhos em grupos.
Experiências de trabalhos com mulheres nos movimentos populares urbanos e desafios para a implementação de uma agenda urbana nas organizações feministas foram o tema da mesa, em que estiveram presentes cinco representações: Ednéia Aparecida de Souza, da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam); Creusa Marques Pinho, da Central dos Movimentos Populares (CMP); Antônio José de Araújo, do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM); Maria das Graças Xavier, pela Marcha Mundial das Mulheres (MMM) e pela União Nacional por Moradia Popular (UNMP), e, representando a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), a coordenadora de Educação do SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia, Taciana Gouveia – diretora de Desenvolvimento Institucional da Abong. O debate foi coordenado por Regina Ferreira, assessora do Programa Direito à Cidade da Fase e membro da coordenação do FNRU.
Os integrantes dos movimentos urbanos foram unânimes em vários pontos: as mulheres são a maioria nas lutas pela reforma urbana, mas têm grandes dificuldades para conseguir habitação e são as principais vítimas de violência nas cidades. “A Conam acompanha com estudos: é a mulher que está na frente da formação de conselhos de saúde, nas escolas, cooperativas, cavando o caminho para a igualdade”, contou Ednéia. Uma das lutas da Conam é para que a titularidade habitacional seja sempre da mulher.
Araújo, por sua vez, salientou que o MNLM tem uma política para trabalhar com a questão de gênero. “As mulheres estão à frente das nossas lutas porque têm condições objetivas de debate, e 50% da direção nacional do MNLM é composta por mulheres.” Já a CMP, segundo Creusa, tem entre suas reivindicações a implantação de núcleos de produção nas comunidades, gerando renda para as mulheres e atividades para seus filhos e filhas.
Feministas
Integrante da UNMP e da MMM, Maria das Graças frisou que a União articulou as lutas pela moradia e de combate à pobreza. “Nós pensamos: somos pobres, somos iguais, vamos trabalhar com uma bandeira de luta contra a pobreza, em especial, para as mulheres, e mais ainda, as mulheres negras”.
Por fim, Taciana, da AMB, lembrou que, apesar de maioria nas lutas pela reforma urbana e por moradia, as mulheres ocupam apenas 15% dos assentos no Conselho das Cidades. “Não haverá cidade justa se as mulheres continuarem sendo submetidas à desigualdade, à opressão e à violência”, criticou. “Na resolução das conferências das cidades não há uma missão específica nem ações para as problemáticas das mulheres”. Segundo ela, é muito importante continuar o diálogo entre movimentos feminista e urbanos. “A cidade é apropriada de modos diferentes por mulheres e homens.”
Para Regina, da coordenação do FNRU, a oficina foi muito rica ao estabelecer e reforçar a necessidade do diálogo entre os movimentos urbanos e feminista, bem como de pensar o urbano sob uma visão feminista. “Ficou patente que as agendas são completamente afinadas: elas passam tanto pelo direito à cidade – que trata da moradia, educação, cultura, lazer, violência, etc. – como pela necessidade cada vez maior de as mulheres ocuparem os vários espaços de poder.”
Mais informações sobre o Fórum Nacional da Reforma Urbana em www.forumreformaurbana.org.br.