Fonte: Coletivo Desenvolvimento Sustentável*
Nós, participantes dos movimentos sociais, indígenas, quilombolas, agricultores(as), empreendimentos solidários, gestores públicos, estudantes, sociedade civil e demais segmentos, reunidos no 1º Fórum e Feira Mundial de Economia Solidária, em Santa Maria-RS-Brasil, nos dias 22 a 24 de janeiro de 2010.
Reafirmamos:
a luta em defesa da vida e da preservação dos recursos naturais, como patrimônio coletivo de toda a humanidade;
o resgate, uso e cultivo das sementes crioulas como única forma de garantir a autonomia e soberania dos povos.
o direito à soberania alimentar, energética e ambiental de todos os povos;
a retomada da agroecologia como paradigma para nossas vidas, alicerçada na ética e nos resgates culturais;
a necessidade da pesquisa e ciência serem públicas e independentes, comprometidas com a sustentabilidade socioambiental e a construção do conhecimento, com envolvimento de toda a comunidade;
o direito à autodeterminação dos povos, ao resgate dos saberes tradicionais e cultura popular;
o direito à democratização da informação comprometida com a preservação da vida;
a Economia Solidária como instrumento para a viabilização de relações socioambientais justas, éticas e sustentáveis na afirmação de outra economia possível.
Ao mesmo tempo denunciamos:
o monopólio dos recursos naturais, da terra, da água e das sementes.
a privatização do conhecimento, da ciência, da pesquisa e da técnica.
a destruição cultural e socioambiental causada pela industrialização dos processos da agricultura e pelos monocultivos;
a falta de políticas públicas voltadas à integração dos processos socioambientais.
a liberação de cultivos transgênicos sem a prévia realização de estudo de impacto ambiental e a falta de consideração do princípio da precaução;
a ausência de representatividade política e competência técnica em biossegurança e o conflito de interesses na CTNBIO (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – Brasil).
o monopólio, o controle e a padronização dos alimentos, gerando a insegurança alimentar e a concentração de renda.
Propomos:
que o alimento para a mesa do povo seja da agricultura familiar, de base ecológica e que sua comercialização seja orientada para o fortalecimento da economia local, integrando elementos da economia solidária e do comércio justo;
a organização da população para consumir, através de cooperativas de consumo, desenvolvendo mecanismos de atuação responsável nessa esfera, garantindo o acesso a alimentos saudáveis e a preços justos e possibilitando ainda, o estabelecimento de parcerias, ações conjuntas e relações mais próximas com os produtores.
o boicote aos produtos das grandes transnacionais, bem como de empresas degradantes do meio ambiente e sociedade.
Assim sendo, convocamos a humanidade a se re-integrar à natureza resgatando valores humanos e se sobrepondo aos interesses do Capital.
*Publicada por Coletivo Desenvolvimento Sustentável SEMAPI em 00:19 www.sustentabilidadesemapi.blogspot.com