Fonte: Adital (www.adital.com.br)
Dia 7 de Setembro – dia da suposta Independência do Brasil – centenas de organizações civis, movimentos sociais, entidades, cidadãos e cidadãs, levarão para as ruas de diversas cidades brasileiras suas demandas, motivadas pelo desejo profundo por um Brasil melhor e mais justo. Em sua 15ª edição, o Grito dos Excluídos traduz bem essa urgência, constatando em seu tema que “A força da transformação está na organização popular”.
Marchas, celebrações, caminhadas, palestras, protestos, romarias. Várias são as formas de manifestações do Grito dos Excluídos. O objetivo é tornar evidente as desigualdades sociais, expor os prejuízos que o modelo econômico vigente traz para a população excluída, denunciar os danos causados pelas empresas que não respeitam o meio ambiente, denunciar a corrupção e o papel desempenhando pelo Brasil nesse contexto de exclusão.
De acordo com Luiz Bassegio, Secretário do Grito dos Excluídos Continental, alguns eixos básicos e principais serão refletidos nesta edição como o Projeto Popular Nacional com base na sustentabilidade e contra todas as formas de imperialismo. “Não é só o imperialismo norte-americano, mas também o imperialismo que o Brasil exerce sobre alguns países da América”, esclarece.
Outro ponto é a Defesa, Ampliação e Universalização dos direitos, além daqueles já previstos na constituição. Um dos eixos fundamentais, diz o secretário, é a Integração dos Povos e não só dos mercados como o sistema financeiro quer. “A integração dos povos e a troca de experiências enriquece a todos”, reforça.
Ao longo desses 15 anos é expressiva a participação das localidades que se envolvem com o evento. Atualmente, cerca de 500 cidades já aderiram ao evento. E é fato: para os militantes, o Grito mudou a cara do desfile de 7 de setembro. “Antes era só desfile de alunos, das escolas e dos militares. Hoje os excluídos também participam e mostram sua cara para o país”, diz, ressaltando que o Brasil é um país feito também dos excluídos.
Algumas histórias marcam a trajetória do movimento. O secretário conta que numa das edições, em Porto Velho (RO), a polícia não permitiu que os manifestantes entrassem na Avenida Dom Pedro, onde acontecia o desfile oficial. Então, alguns membros distraíram os policiais, enquanto a maioria foi para o final da avenida, entrando na contra mão do desfile. Já em Minas Gerais, uma determinada cidade não teria manifestação do Grito por falta de organização antecipada. Para que a data não passasse em branco, um grupo comprou cartões vermelhos e apitos e distribuiu numa feira livre. O resultado foi uma manifestação criativa e inesperada.
Luiz Bassegio enfatiza que uma das características do grito é a ousadia e a criatividade. E ressalta que essa manifestação popular e social mostra que o grau de exclusão ainda é grande no país. Mas ele comemora como avanço a participação política dos excluídos.
Pré-Grito
Diversas cidades brasileiras começam a se organizar com meses de antecedência. Algumas realizam o “Pré-Grito”, um momento preparatório que mostra um pouco do que será feito no grande dia.
Em São Paulo, manifestantes se reunirão na Catedral da Sé, na capital, às 8h e depois seguem para o Parque do Ipiranga, local onde foi dado o Grito de Independência do país. Na Paraíba a caminhada do grito aconteceu ontem (3) e teve grupos temáticos protestando contra a Criminalização dos Movimentos Sociais e da Pobreza, além de gritar em prol dos direitos humanos, reforma agrária e defesa da natureza.
Já na capital federal, Brasília, o Pré-Grito aconteceu no dia 29 de agosto. Na ocasião, os manifestantes fizeram um julgamento popular do governador José Roberto Arruda, por crimes contra a população. Os militantes pediram a cassação dos direitos políticos e prisão de 150 anos denunciando crimes de corrupção, improbidade administrativa, compra de votos, fraudes em licitações, entre outros. No dia 7 o Grito será realizado na Esplanada dos Ministérios e pelo teor do ato preparatório é possível imaginar o que vai acontecer.
O Grito
Embalados pelo entusiasmo da Campanha da Fraternidade de 1995 que voltava seu tema para a questão do excluídos, os envolvidos na campanha, realizaram, sem imaginar que criariam tradição, o 1° do que viria a ser uma série de Grito dos Excluídos. Atualmente, o Grito tomou dimensões maiores e, agora, acontece em vários Continentes no dia 12 de outubro.