Fonte: Setor de Comunicação do MAB
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) se prepara para a jornada nacional de lutas, que acontece em todo o país, de 10 a 14/8. Entre os pontos de pauta do Movimento está o debate sobre o modelo energético, os direitos dos atingidos e a crise que assola os trabalhadores.
Em Brasília, participa do acampamento que reunirá, entre 10 e 21/8, mais de 3 mil trabalhadores e trabalhadoras dos movimentos sociais da Via Campesina. O tema central do acampamento é a Reforma Agrária, com o enfoque no debate sobre o assentamento de todas as famílias acampadas, ampliação dos recursos para Reforma Agrária e a revisão dos índices de produtividade. Porém outros temas também perpassam o acampamento, como o debate sobre a soberania energética, a campanha contra o alto preço da energia elétrica e a reivindicação dos direitos dos atingidos por barragens.
“Os atingidos por barragens acampam junto com os sem-terra para reivindicar do governo e das empresas construtoras de usinas os seus direitos. O próprio Lula reconheceu a dívida que o Estado brasileiro tem conosco. Nossa luta é para que esse reconhecimento se transforme em ações concretas para a melhoria das condições de vida e de trabalho do nosso povo”, afirmam os coordenadores do MAB que acompanham a organização do acampamento e que estão em Brasília para mais uma rodada de negociações com o governo federal.
Já na divisa entre o Tocantins e o Maranhão, cerca de 1300 pessoas, estão acampadas em frente à Usina Hidrelétrica de Estreito desde o dia 21 de julho. Hoje (07/08), os manifestantes realizaram uma marcha pela cidade de Estreito/MA, exigindo que as empresas Camargo Corrêa, Alcoa, Vale e a Suez-Tractebel, donas da barragem, reconheçam os pescadores, meeiros e indígenas como atingidos por barragens e solucionem os problemas causados pela obra.
Em Fortaleza/CE, o MAB e a Central dos Movimentos Populares (CMP), entre outros, intensificam na próxima semana, a campanha contra os altos preços da luz. As atividades já iniciaram e o objetivo é denunciar os preços abusivos que a população paga pela conta de energia elétrica, informá-la sobre o seu direito à Tarifa Social de Energia e exigir a reestatização da Coelce, distribuidora de energia do estado.
A campanha contra o alto preço da energia elétrica também acontece em Petrolina/PE. Lá, as organizações também pretendem questionar as grandes obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da região, entre elas a transnordestina, a transposição do rio São Francisco e as grandes barragens. “Pagamos duplamente com essas obras, que além dos enormes impactos sociais e ambientais que trazem, temos a energia elétrica a um preço absurdo”, criticou Juziléia Carvalho do Nascimento, da Rede de Educação Cidadã.
No município de Itapiranga/SC, o Movimento realizará um encontro de estudo sobre o setor energético e a situação atual da barragem de Itapiranga, que culminará em um ato público. Assim como Santo Antônio, Jirau e Estreito, a Barragem de Itapiranga também faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Segundo o MAB, essa usina não trará desenvolvimento econômico para o município. Comparando a produção agrícola das comunidades com os retornos de compensação econômica (que é proporcional a área alagada), a conclusão é de que os municípios atingidos teriam um desfalque anual de cerca de 57 milhões de reais.
Também na bacia do rio Uruguai, em Pinhal da Serra/RS acontece o acampamento organizado pela Assembléia Popular, que reunirá atingidos por barragens, movimentos sociais e entidades da região. O acampamento tem como objetivo discutir sobre vários temas relacionados à crise financeira e sobre os prejuízos causados pelas hidrelétricas ao meio ambiente, pequenos agricultores e aos trabalhadores como um todo. “Em junho os movimentos sociais da região organizaram grandes mobilizações em torna da luta da seca e tivemos algumas conquistas, no entanto, devemos continuar mobilizados para garantirmos as vitórias”, disseram as lideranças que organizam o acampamento.
Em Minas Gerais, será realizado o Seminário dos Atingidos pela Mineração, em Congonhas. O objetivo é reunir as famílias prejudicadas pelos projetos de exploração de minério na região, situação agravada com a implantação das siderúrgicas das empresas francesa, Valorec, e japonesa, Sumitomo, em Jeceaba/MG e pela expansão da CSN em Congonhas. As áreas desapropriadas pelo governador do estado e repassadas a essas empresas chega a quase 4 mil hectares e o canteiro de obras, que deverá ocupar 8 mil homens, já deixa seus rastros nas pequenas cidades da região, principalmente em Entre Rios de Minas e São Brás. “Entre Rios teve seu Plano Diretor totalmente manipulado pelas empresas, desenhando o futuro da cidade segundo seus interesses. São Brás enfrenta diversos problemas. O principal deles é que a água da rede pública de abastecimento está sendo ocupada para fazer concreto e seguidamente falta nas residências”, afirmam as lideranças do MAB.
“Nesta jornada de lutas queremos fazer uma análise das conseqüências das hidrelétricas tanto para os atingidos quanto para toda a sociedade. Por outro lado, nesse momento de crise, vamos também avaliar e construir propostas populares para o Brasil, juntamente com todas as demais forças sociais de esquerda”, diz Gilberto Cervinski, da coordenação nacional do MAB. Outras atividades também estão sendo organizadas nos estados.