Fonte: Notícia enviada por Ademar Bertucci (ademar@caritas.org.br)

Dias 23-25 de julho aconteceu em Ponto Novo, Bahia (perto de Sr do Bonfim) o Segundo Seminário regional sobre Fundos Solidários e a Sexta Feira Regional da Economia Popular Solidária, organizada pelo Grupo Regional de Economia Popuar Solidária – GREPS e viabilizado com recursos do Banco do Nordeste e do Programa de Segurança Alimentar e Nutricional nos Acampamentos, coordenado pela Caritas, da SESAN/MDS Duzentos e cinquenta pessoas, entre agricultores familiares, artesãos, jovens, assentados, acampados e representantes de entidades e movimentos que os acompanham estiveram presentes para ouvir quatro apresentações de experiências com Fundos Solidários realizadas na região.

O Programa de Apoio a Projetos Produtivos Solidários – PAPPS iniciado em 2005 pela SENAES e o Banco do Nordeste para fortalecer a prática dos fundos solidários na Região Nordeste apoia as quatro experiências apresentadas. O Comitê Gestor do PAPPS, composto por representantes do Governo (SENAES, BNB, MDS) e da sociedade civil (FBES, ASA, FBSAN, CNBB-Mutirão) participou do Seminário para conhecer as experiências e dialogar com as entidades e os movimentos presentes.

As apresentações e depoimentos evidenciaram uma longa história e grande riqueza de práticas de fundos solidários naquela região envolvendo milhares de famílias: as primeiras experiências começaram nos anos 50 do século passado com pequenos projetos produtivos e coletivos (PACS); existem bancos de sementes, fundos de pasto, repasse solidário de cabras e ovelhas, fundos que se organizaram em torno da construção de cisternas de placa, um fundo de alunos de uma escola família agrícola, fundos em acampamentos. A educação dos jovens para encontar alternativas de uma vida digna no campo, a melhoria na segurança alimentar das famílias participantes, a inserção dos acampados numa primeira arividade produtiva e coletiva que os prepara para melhor aproveitar os financiamentos do Pronaf, uma vez assentados, são só alguns dos muitos benefícios gerados pelo fundo solidário e a organização criada em torno dele.

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A forte articulação entre as iniciativas da região já deu frutos concretos: as iniciativas financiadas se juntaram para negociar contratos de venda dos produtos dos grupos solidários ao Programa de Aquisição de Alimentos do Governo. A receita dessa venda e a distribuição dos alimentos para entidades sociais da região já superaram o valor investido nas iniciativas pelo PAPPS. Ficou evidente que uma forte presença de fundos solidários que trabalham de forma articulada numa região potencializa um processo de desenvolvimento sustentavel baseado na participação popular.

No segundo dia, as entidades e lideranças da região aproveitaram a oportunidade para dialogar com o Comitê Gestor e representantes do Governo estadual. Apresentaram as dificuldades enfrentadas pelas iniciativas de fundos solidários, entre elas, os entraves jurídicos que vem impedindo a aprovação de um projeto pelo Governo Estadual, e a falta de recursos para formação e acompanhamento.

O evento também contou com a presença de representantes da Superintendência de Micro-crédito e Finanças Solidárias da Secretaria Estadual de Trabalho e Emprego da Bahia. Um dos encaminhamentos concretos do Seminário foi a criação de um grupo de trabalho composto pela Superintendência e representantes das entidades da sociedade civil que trabalham com fundos solidários na Bahia. O grupo elaborará uma proposta para um primeiro edital de um Programa de Apoio a Fundos Solidários na Bahia. A idéia é de criar um Programa nos moldes do PAPPS, com participação da sociedade civil na elaboração dos critérios e na seleção dos projetos beneficiados. Iniciaram ali, a semente da construção da Rede Baiana dos Fundos Solidários que se articularão com as demais regiões do estado.