Fonte: Adital (www.adital.com.br)

Embora não seja periférico do ponto de vista geográfico, o bairro Lagamar, em Fortaleza (Ceará), é marcado pela falta de políticas públicas, principalmente em relação a atividades econômicas. A inexistência de alternativas de emprego e renda foi determinante para que a Fundação Marcos de Bruin formulasse um projeto com ações para fomentar a auto-organização de grupos produtivos na região.

O projeto Teia Solidária foi apresentado ao Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para que fosse criado um Fundo Rotativo Solidário (FRS) urbano. Os recursos vêm do Programa de Apoio a Projetos Produtivos Solidários, que é fruto de um convênio assinado com a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes/MTE).

O apoio tem possibilitado a concessão de crédito para consumo e produção de 48 empreendedores, em 47 negócios. Dos participantes, 75% são mulheres e 25% são homens de faixa etária entre 21 e 59 anos. Os negócios já em funcionamento se dividem entre as áreas de alimentação (11), confecção (11), comércio (11), estética e beleza (9) e de serviços (5).

A psicóloga Renata Melo, coordenadora do Eixo de Trabalho e Renda da fundação, diz que não houve qualquer tipo de restrição prévia para a seleção de empreendimentos. Eles foram avaliados de acordo com alguns critérios, como a viabilidade econômica, tipo de negócio e desempenho no curso de qualificação. O plano também deveria apontar que pelo menos 80% dos negócios estivessem localizados no Lagamar.

Antes do projeto, segundo ela, só ocorriam ações pontuais, como palestras e oficinas realizadas pela própria entidade. No entanto, a psicóloga destaca que os temas relacionados à economia solidária já eram abordados de forma transversal nos cursos de qualificação para a geração de trabalho e renda.

O principal papel do projeto, na avaliação de Renata, é possibilitar um programa de crédito contínuo no bairro. De acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação em 2003, o Lagamar possuía mais de 450 negócios instalados, todos com necessidade de investimento. Desde então, relata, só foram desenvolvidos dois projetos de crédito, mas ambos eram temporários e não permitiam a continuidade.

Renata Melo, que também coordena o Teia Solidária, explica que a execução do projeto foi pensada em duas etapas. “A primeira teve início em setembro de 2008 com o financiamento de crédito para negócios já existentes no valor de até R$ 1 mil. A segunda teve início em janeiro de 2009 e buscou financiar novos negócios no valor de até R$ 3 mil”, detalha.

No projeto, a Fundação Marcos de Bruin adota métodos que buscam garantir a participação de todos os segmentos atendidos pelo projeto, seja nas oficinas de qualificação, nos encontros marcados ou nas visitas in loco. “A metodologia sempre é o lançamento das propostas que sofrem a avaliação dos participantes para que, por fim, sejam consolidadas”, diz a coordenadora. Como exemplo, ela cita o próprio contrato de compromisso, que foi construído a partir de uma oficina.

Para a coordenadora, mesmo depois de finalizado o projeto, a instituição mantém proximidade com os responsáveis pelos empreendimentos. “É política da FMB dar continuidade ao acompanhamento do projeto inserindo os participantes em outras ações para que não se perca o contato”, afirma.

Uma das demandas atuais, de acordo com Renata Melo, atualmente é o cadastramento de todos os negócios existentes no Lagamar. Com os dados, a fundação deve fazer um comparativo com a pesquisa de 2003, identificando o perfil dos empreendimentos e as respectivas lacunas para ações de qualificação e de crédito.

Também está programada a realização da 1ª Mostra da Produção Solidária do Lagamar, que deve ter a participação de todos os empreendedores acompanhados pela Fundação Marcos de Bruin. O evento prevê ainda atividades de formação e ações de comercialização, com uma grande feira solidária.

As matérias do projeto “Boas Ideias em Comunicação” da Adital são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).