Autora: Shirlei Almeida (shizinha@terra.com.br)
Cara gente das articulações de economia solidária de Minas Gerais, estive matutando com os meus botões e após alguns encontros, onde percebi alguma dificuldade em fazer fluir o processo formativo e as discussões nos fóruns, resolvi colocar no papel algumas sugestões para o bem viver nos grupos de economia solidária.
Gostaria que estas sugestões servissem para tod@s e que a medida que você for lendo, também contribua com outras propostas, novas idéias, reformulando o vivido e melhorando a proposta. Estas são as minhas sugestões, que acredito se juntar com as suas podemos, em parceria, contribuir para o fortalecimento do Bem Viver e do crescimento do nosso movimento.
Tomei como base a plataforma da economia solidária do FBES e um programa de rádio do PACs: Quem cuida de mim somos nós, e o ao som de Josino Medina e Paulino Amorim, fui acrescentando uma pitada do meu vivido e começei a racunhar que "quem cuida do nosso fórum somos tod@s nós".
Primeiro vale lembrar que a economia popular solidária se baseia em duas idéias principais: A primeira é que a sociedade se torne cidadã ativa, consciente e organizada em várias formas cooperativas e associativas de produzir, trocar, comercializar, consumir e financiar. Isso significa agir em conjunto, não apenas no grupo de geração de renda, este é apenas um dos aspectos, podemos agir junto no nosso bairro, na nossa rua, na nossa comunidade. Agimos com base em valores como, a solidariedade, a autogestão e a co-responsabilidade.
Assim cada pessoa, não apenas as coordenações, tem um papel fundamental para desempenhar. Cada um@ na economia popular solidária é sujeito da história, seja no local, no regional, no nacional ou no global e não objeto da autoridade de outros.
Então que tal se nos nossos fóruns criássemos grupos cooperativos. Vejamos que tal se algumas pessoas cuidassem da beleza. Umas toalhas, uns tapetes no chão, uma vela para lembrar que somos seres de luz e de paz, algumas flores para marcar que somos filhos e filhas da terra. Tudo isto no centro do nosso circulo. As cadeiras em volta, de forma que todas as pessoas possam se ver e se reconhecer como irmãos e irmãos de luta e de processo.
Seria importante também se antes da discussão da pauta do dia, realizássemos uma feira de trocas, troca de saberes, troca de produtos, troca de carinho, troca de cuidado.
Podemos ter um lanche partilhando, se cada pessoa, ou grupo, levar um alimento, um pão, um biscoito, um suco natural e fazermos um lanche partilhando com o fruto do nosso trabalho, com alimentos saudáveis. Pode ser todo mundo, ou para cada encontro um grupo ficar responsável pela alimentação. Não ficando pesado para ninguém e todo mundo partilhando.
Seria legal também, se tivéssemos alguns cartazes com os princípios da EPS, de forma que ficasse visível e lembrasse para todo mundo, o que é que move o nosso movimento. Este cartaz pode ser de pano, pintado ou bordado. O ideal é que seja algo que possamos aproveitar para todas as reuniões, reduzindo o desperdício. O fundamental é criar um ambiente de harmonia e paz. Utilizemos a nossa criatividade, os talentos criativos. Este grupo cooperativo poderia chegar antes e deixar o ambiente organizado para quando o restante do pessoal chegar ter uma acolhida carinhosa e cuidadosa.
Outro grupo poderia ser de animação, trazer jogos cooperativos, que auxiliem no processo de sermos melhores quando juntos e juntas trabalhando para o bem viver, algumas musicas para cantar e para ouvir. Vale a pena o CD dos compas Embaixadores da Lua: o Josino Medina e o Paulinho Amorim. Que tal se antes de começar a discussão ouvíssemos junt@s "a receita de pão caseiro". Isto alimenta a alma.
A outra idéia é que a economia seja convertida em apenas um meio de busca do bem viver e felicidade de cada pessoa humana. Portanto, o desenvolvimento econômico e tecnológico não teria um fim em si, mas seria um meio para a promoção da vida plena.
Então que tal se tivéssemos alguns grupos cooperativos que possam ir pensando e discutindo alguns pontos que são fundamentais para o desenvolvimento das nossas atividades. Podemos ter um grupo que vá buscando saídas para a comercialização, a produção, a troca e o consumo, não só quando chegar a feira. Mas, estratégias maiores para o bairro, para o município, para a regional. E aí é importante lembrar que cada lugar tem as suas particularidades. E é quem tá na lida é que sabe onde aperta o calo. Quem melhor para buscar as saídas do que quem vive o desafio no dia-a-dia?
Outro grupo importante é o grupo que vá pensando saídas para a legislação, as políticas publicas, o chamado marco legal. Como fica a relação com o poder publico, as prefeituras, as câmaras municipais, as assembléias legislativas, qual é a demanda que apresentamos?
E não podemos esquecer das finanças solidárias, temos um monte de experiências pequenas e importantes, conversando ontem com o Marcinho da Visão Mundial ele falava das experiências de bancos comunitários no vale do Jequitinhonnha, onde as próprias pessoas do bairro vão administrando os seus recursos financeiros, criando a sua poupança, abrindo saídas, sem pagamento de juros e multas e CPMFS.
Um grupo fundamental é aquele que estimule a educação dentro dos princípios da EPS. Para o próprio Fórum, mas também para outros grupos, para as novas gerações. Para quem tá chegando no movimento.
Outro grupo é aquele que cuida da comunicação, um jornal de poste, ou seria um programa na rádio local? Um informativo que circule e todo mundo fica sabendo do que estamos tratando. Fazer a EPS chegar mais longe!
O Fórum pode se encontrar uma vez para o trabalho dos grupos, outra vez para os assuntos gerais. Ou nas primeiras duas horas o grupo trabalha e depois abre para uma plenária com as discussões dos grupos e os encaminhamentos gerais.
Comp@s, esta é apenas uma pequena contribuição: junte com as suas e vamos fazendo o nosso caminho…