Fonte: Denis Soares (luizdenis@yahoo.com.br)
O governo federal identificou mais de 1 milhão de beneficiários do Bolsa-Família que poderão receber, a partir do próximo ano, empréstimos pelo programa de microcrédito. São trabalhadores autônomos, com negócios de pequeno porte, como carroceiros, quituteiras, vendedores e costureiras, entre outros.
A meta do programa, destinado a melhorar a renda dos trabalhadores, é beneficiar até 1,5 milhão de pessoas nos próximos dois anos. Esse contingente inclui pessoas de baixa renda que não têm filhos matriculados em escolas, mas integram o cadastro do Bolsa-Família.
Já está em curso um projeto piloto que deverá realizar 20 mil pequenos empréstimos até o final deste ano. O valor máximo, nessa fase de testes, é de R$ 600.
O Ministério do Desenvolvimento Social irá trabalhar no programa com o apoio do Ministério do Trabalho, de acordo com orientação do ministro Patrus Ananias, que tem se esforçado para integrar diferentes órgãos do governo em ações conjuntos de combate à pobreza. O Ministério do Trabalho já abriu um edital para que organizações do setor de microcrédito comecem atuem com os beneficiários do Bolsa-Família.
“São valores baixos e há um custo para fazer esses empréstimos. Então o governo federal vai pagar os custos dessas organizações para que elas batam na porta dos beneficiários e ofereçam o crédito”, explica Max Coelho, coordenador do programa nacional de microcrédito produtivo.
Serão investidos R$ 1,6 milhão no projeto piloto. As organizações receberão um cadastro com o nome e o endereço do beneficiário do Bolsa-Família que atua como autônomo. Cada uma delas também terá que apresentar uma meta de beneficiários para os quais fará empréstimos. É com base nessa meta que será feito o repasse do suporte financeiro.
Apesar dos valores baixos, o governo acredita o programa ajudará famílias com pequenos negócios. Como uma quituteira que precise de um forno maior para atender mais clientes.
“Queremos que essas famílias tenham oportunidades de conseguir uma renda melhor e sustentável, porque o maior problema delas é a volatilidade da renda”, explica Franco César Bernardes, coordenador geral de gestão do Bolsa-Família.
De acordo com o coordenador, a maior parte desses microempreendedores fica no limiar da informalidade, com suas pequenas oficinas, mercearias, lojas de roupas.
Treinamento
Essa é mais uma tentativa do governo para fortalecer o Bolsa-Família. Há cerca de um mês, seus beneficiários também receberam cartas com oferta de cursos treinamento profissional na construção civil – para pessoas com mais de 18 anos e 4ª. série primária completa.
Neste caso, porém, o alcance foi muito menor. Embora exista 1,3 milhão de famílias com o perfil indicado, foram oferecidas apenas 185 mil vagas. O governo já aprovou um novo reajuste para o benefício e permitiu a inclusão de até dois jovens de 15 a 17 anos por família, com o pagamento de R$ 30 para cada um, caso continuem na escola.
A reportagem é de Lisandra Paraguassú e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 18-10-2008.