Fonte: Artigo de de João Pedro Stedile*
As pessoas que passam fome aumentaram de 850 milhões para 925 milhões em um ano, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). As causas são o aumento de preço dos alimentos, expulsão dos trabalhadores do campo, especulação do capital financeiro e o controle das empresas transnacionais sobre o mercado agrícola.
Houve tamanha concentração da produção e comércio agrícolas no mundo que não mais de 30 empresas transnacionais controlam toda a cadeia. Cerca de 70 países do Hemisfério Sul não têm mais capacidade para alimentar sua população, ficando dependentes de importações, controladas por essas empresas ou por meio da intermediação de governos.
Enfim, os alimentos foram transformados em mercadoria para ganhar dinheiro. No entanto, a comida é um direito de todos os seres humanos! O pior é que grandes corporações, especialmente estrangeiras, impuseram a chamada agricultura industrial, baseada na monocultura, com uso intensivo de máquinas e venenos.
Com isso, produzem alimentos intoxicados e agridem a biodiversidade, clima e solo. A saída é a defesa da soberania alimentar. Todos os municípios, regiões e povos devem produzir seus alimentos, sadios e para todos. O Estado tem que aplicar políticas públicas que priorizem a produção de alimentos. Para isso, tem de valorizar o modo familiar e a cooperação agrícola, distribuindo a terra para quem nela trabalha, ou seja, realizar a reforma agrária.
* Membro da Coordenação do MST e da Via Campesina
Fonte: O Estado de S. Paulo, em 19.10.2008