Fonte: Informativo Eletrônico do Projeto Brasil Local
É diante de uma farta mesa de café da manhã, num quiosque* construído às margens do Rio Negro, em Manaus, que começa o roteiro oferecido pela Cooperativa de Ecoturismo Solidário da Vida Felicidade. No cardápio, sucos, doces, salgados e outros quitutes feitos principalmente a partir de frutas exóticas. “São especiarias utilizadas pelos índios da Amazônia, como mugunzá e tucumã”, explica Alvanir Rodrigues da Silva, agente de Desenvolvimento do Brasil Local, que participa da iniciativa.
Mesmo com a curiosidade aguçada pela variedade de cores e sabores, a dica é não exagerar no lanche. Afinal, o próximo passo será um passeio de barco com duração de até quatro horas, dependendo do destino escolhido. O passeio mais curto leva cerca de 45 minutos. Todos os itinerários incluem passagem pelo famoso encontro dos rios Negro e Solimões – um dos principais cartões postais do Estado.
No caminho, é possível ver como vivem os moradores da Comunidade Flutuante do Lago do Catalão. Lá, as cerca de 60 casas construídas acima de toras de madeira podem ser transferidas de lugar de acordo com o fluxo das águas ou com o humor dos moradores. “Aqui, se brigar com o vizinho é só amarrar a casa numa canoa e mudar de lugar”, brinca João Batista Prestes, um dos idealizadores do projeto de turismo solidário na região.
O passeio de barco é também uma aula sobre meio ambiente e história. O guia faz questão de explicar fenômenos naturais como o Encontro das Àguas ou contar como vivem os moradores da comunidade flutuante. Entre as moradias, algumas construções se destacam: são escolas, igrejas, supermercados. “O pessoal daqui só pisa em terra firme em caso de necessidade”, diz Prestes.
Por dentro da mata
O trajeto mais longo leva turistas até a floresta amazônica, com desembarques em comunidades indígenas. Na caminho de volta, a lancha desliga os motores para que os passageiros possam ver de perto um extenso jardim de vitórias-régias. O custo do passeio é ajustado às distâncias e ao número de passageiros, variando de R$ 70 a R$ 280, para grupos de cinco pessoas. “A gente quer montar uma agência de passagens e vender os bilhetes lá”, afirma Silva.
Ao todo, 16 pessoas integram a Cooperativa de Ecoturismo. Elas são responsáveis pela gestão dos dois barcos de passeio e pela produção do café regional – servido aos sábados domingos e feriados. De terça a sexta-feira, o quiosque oferece apenas lanches rápidos. Na avaliação de Prestes, o grupo está bem preparado para receber os turistas. “Fizemos cursos em diversas áreas. Estamos capacitados”.
Prestes conta que, por enquanto, a divulgação do empreendimento turístico ainda é feito no sistema “boca em boca”. Mas, otimista, ele confia na mobilização da Vila Felicidade. “A principal coisa nós já temos, que é um porto reconhecido pela capitania. Um porto da comunidade, conquistado por nós. Mas queremos nos aprimorar”, afirma.
* O quiosque onde é servido o café da manhã está em reforma e deve ser reaberto na segunda quinzena do mês de junho