Fonte: Imprensa do MST (sgeral@mst.org.br)

A expansão do agronegócio não melhora a vida da população nos municípios onde é implantado. Essa foi uma das conclusões do seminário “Soja: impactos e mecanismos sociais e econômicos”, organizado pelo Instituto Centro Vida (ICV) e pelo Centro de Apoio Socioambiental (Casa) e realizado nos dias 10 e 11 de junho, em Brasília.

O seminário debateu experiências em diversas regiões do país e contou com a participação de instituições como a organização Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, o Instituto Socioambiental, Repórter Brasil, Fórum Carajás, Associação Indígena Kisêdjê, entre outras. Segundo o representante da Amigos da Terra, Mario Menezes, o tema central foi discutir os impactos da soja e do agronegócio e mecanismos sociais para enfrentá-los. “Pudemos ver que diagnosticar o quadro de impactos é bem menos complicado do que pensar em instrumentos para enquadrá-los”, analisa.

Entre as experiências relatadas, discutiu-se o caso do município de Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, que já perdeu praticamente toda a sua floresta. Apesar da grande riqueza gerada pelo agronegócio, o município não conta com investimentos na área social e apresenta índices de educação abaixo da média do estado.

Os representantes da Associação Indígena Kisêdjê relataram que o desmatamento no município de Querência, em Mato Grosso, no parque do Xingu, é tão intenso que os índios Kisêdjê estão tentando conscientizar os fazendeiros do entorno para não desmatarem e manterem suas reservas legais. Outra experiência ruim foi relatada sobre o Maranhão, na cidade de Balsas, que teve um boom de soja nos últimos seis anos. O município, no entanto, ainda não conta com políticas públicas de saneamento básico e habitação, e os serviços de saúde e educação são deficientes.

Agrotóxicos

O impacto dos agrotóxicos em Mato Grosso também foi uma das preocupações relatadas no seminário. Apenas em 2006, o estado consumiu 88 mil toneladas de agrotóxicos e apesar de não se ter dados consolidados sobre 2007 e 2008, existem fortes indícios que esse consumo cresceu. Também há sinais de que o consumo de fertilizantes aumentou. Os últimos números, de 2005, mostram um consumo de 1,2 milhão de toneladas.

Esse contexto pode ter resultado no aumento de internações em hospitais, já que o uso dessas substâncias tóxicas pode causar graves problemas na saúde. No estado, as internações por câncer, por exemplo, saltaram de pouco mais de 3 mil, em 1998, para mais de 9 mil em 2006.

Nesse período os casos de má formação congênita também triplicaram e grandes produtores de soja tiveram aumento muito maior (cinco vezes mais em Sinop e seis vezes em Diamantino). Apesar disso, o governo do Mato Grosso não demonstra interesse em implantar o Programa de Análise de Resíduos Agrotóxicos (PARA), que já foi implantado em 16 estados brasileiros.

Fonte: Amazonia.org.br

Publicado em 13/6/2008