Fonte: Relatos de kelma Nunes e Victoria Paiva
“O Banco Palmas e o Governo Estadual e Federal protagonizaram a caravana dos bancos comunitários do Ceará que aconteceu de 28 a 31 de maio de 2008 e percorreu 10 municípios (Palhano, Tamboril, Monsenhor Tabosa, Madalena, Ibaretama, Ocara, Choró limão, Caridade, Irauçuba e Itarema/Almofala – 1º banco comunitário do povo indígena tremembé).
Apesar de cansativa, de ficarmos quatro dias na estrada, com muito balanço e buraco, a alegria contagiante de todxs nós e a força esperançosa do nosso povo nos fazia esquecer o cansaço e entrar na folia e partilhar, por algumas horas, da vida das pessoas daquela localidade. E de sentirmos como um só corpo social possível de mudar a lógica perversa da pobreza e da exclusão.
Considero a caravana um passo importante na construção da economia solidária no Estado, na replicação da tecnologia social desenvolvida pelo Banco Palmas. E que bom que os recursos públicos, historicamente utilizados no Nordeste para financiar grandes latifúndios, empresários e uma elite atrasada e conservadora, possa está sendo apropriado devidamente pelo nosso povo, numa lógica regida pela ordem da solidariedade e da partilha. A despeito da provocação feita pelo Governador em seu discurso na solenidade de abertura da caravana, floresce na serra, no sertão e na praia ventos fortes da economia solidária.”
Relato de Kelma Nunes
A Caranava foi como um grande arrastão!
“Foi como um grande arrastão… uma conjugação de energias irradiadas por pessoas de diversos lugares do Brasil e do mundo, que atuam nos mais variados campos do conhecimento – jornalistas, sociólogos, técnicos do poder público, de ONG’s, estudantes. Essas pessoas estiveram juntas com objetivos comuns: saudar e aprender com as experiências visitadas, como se delas pudessem beber e inspirar-se.
Cada um dos dez Bancos inaugurados pelo interior do Ceará teve a sua peculiaridade e é difícil descrever cada uma das emoções vividas. Desde a Banda de Música em plena praça, as danças indígenas (o Toré), o artesanato, os banquetes com as delícias da nossa culinária nordestina, com as canjicas, pamonhas e baião de dois. Cada lugar que passamos deixou muitas marcas, mas a principal delas é a coragem das pessoas que estão à frente destes empreendimentos, em sua maioria, MULHERES!!!
De forma obstinada, essas mulheres, juntamente com os homens, têm em suas mãos o desafio de construir um sistema de finanças solidárias que seja capaz de fazer com que a riqueza gerada nas comunidades seja revertida para as pessoas que a produziram, re-humanizando a economia, re-inventando o dinheiro e o nexo social. Eis, talvez, o “segredo”, como bem diz o provérbio africano recitado por uma das companheiras que acompanhou a Caravana: “muita gente pequena em muitos lugares pequenos fazendo coisas pequenas mudarão a face da terra.”
Para mim, trata-se de uma revolução que está em andamento… é muito bom fazer parte dela e mostrar que a história pode ser feita conforme as nossas vontades e capacidades!”
Relato de Victoria Paiva