Fonte: www.adital.com.br
Os preços elevados e o desconhecimento da população sobre a importância da inserção de frutas e hortaliças no cardápio diário fazem com que o consumo desses alimentos no Brasil corresponda a menos da metade das recomendações nutricionais, sendo ainda mais deficiente entre as famílias de baixa renda. No Rio Grande do Norte, 1.800 famílias já não fazem mais parte dessas estatísticas.
Desde a implantação do projeto Hortas Comunitárias, no final de 2004, famílias de baixa renda da capital potiguar e de mais 51 municípios do Rio Grande do Norte passaram a consumir diariamente hortaliças plantadas por elas mesmas, em pedaços de terras coletivas próximas à comunidade onde vivem. O que não vai para a mesa do agricultor é vendido para aumentar a renda da família.
Uma pesquisa realizada pela Instituição de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte (Emater-RN), coordenadora do projeto, mostrou que famílias que não tinham nenhum tipo de renda, hoje chegam a obter um salário mínimo no final do mês. Além disso, recebem mensalmente uma cesta básica que ajuda nas despesas de casa.
A venda dos alimentos é destinada, principalmente, ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Governo Federal, que repassa os produtos para as escolas públicas. Outro ponto de venda é a Feira Agroecológica, montada todos os sábados na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O projeto Hortas Comunitárias teve a sua primeira inserção na capital com a implantação de uma horta comunitária no bairro Cidade da Esperança, onde antes se localizava um lixão. Os catadores de lixo que ficaram sem fonte de renda com a transferência do depósito mudaram de profissão: hoje, a grande maioria produz hortaliças dentro do próprio bairro.
Já no Assentamento Lênin Grado, também em Natal, cerca de 40 famílias sem-teto estão sendo beneficiadas com a implantação do projeto. Apesar de continuarem em situação precária de moradia, os produtores recebem cursos de capacitação e oficinas de agricultura, com os quais ampliam as possibilidades de conseguirem uma maior inserção social. “Através da horta, eles passam a se incluir na sociedade”, diz Gorete Medeiros, gerente do projeto.
Gorete lembra ainda que o maior objetivo do Hortas Comunitárias é a capacitação dos produtores, aliada a uma educação continuada e ao estímulo ao associativismo. Outro ponto primordial do projeto é a elevação da auto-estima das pessoas atendidas. Para a gerente, em alguns presídios do estado onde o projeto está implantado, o benefício é significativo. “Além de servir de terapia, ocupa o tempo e é uma profissão a mais”, lembra.
O projeto Hortas Comunitárias também está inserido em 10 escolas públicas da capital potiguar. Além de se alimentarem das hortaliças plantadas por eles mesmos, os alunos têm aulas de laboratório nas hortas, onde têm a possibilidade de estudar todas as disciplinas na prática.
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