Fonte: www.adital.com.br
A Cúpula dos Povos do Sul reuniu neste último final de semana, 28 e 29 de junho, diversas organizações sociais, na Associação dos Empregados de Cervepar, em Assunção, Paraguai. O evento intitulado “Construindo Soberania” ocorre paralelamente à Cúpula dos Presidentes do Mercosul, na qual estão presentes os presidentes do Paraguai, Uruguai, Chile, Brasil, Argentina e Bolívia.
O objetivo do encontro foi dar continuidade ao debate os temas tratados nas cúpulas anteriores, buscando uma aliança mais ampla entre os diferentes setores sociais e aprofundando as discussões sobre a soberania na América do Sul. Durante todo o dia de hoje, sete temas serão discutidos nas mesas de trabalho, que se iniciaram às 9h da manhã, logo depois da abertura do evento.
Os assuntos estão freqüentemente na agenda dos movimentos sociais: Agricultura, Soberania Alimentar e Agrocombustíveis; Militarização, Criminalização das Lutas Sociais e “Lei Antiterrorista”; Energia, Infra-estrutura, Políticas de Desenvolvimento e Financiamento; Aliança entre Movimentos Sociais e Organizações Políticas nos Processos de Mudanças na América Latina e no Paraguai; Geração de Empregos; Direitos Trabalhistas e Migrações; Inclusão Social, Identidade, Diversidade e Cultura; Assimetrias: Financiamento, Assimetria na Integração dos Povos.
Em carta aberta apresentada aos governos dos países sul-americanos, os movimentos sociais exigiram um Banco do Sul que seja de acordo com os direitos e necessidades dos povos. Para as entidades, o Banco do Sul deve ser parte de uma resposta unitária regional, juntamente com a criação de um fundo de estabilização do Sul, de uma moeda comum regional, além da realização de uma auditoria das dívidas e o não pagamento de dívidas ilegitimamente exigidas aos países. Elas desejam também a habilitação de mecanismos de informação, transparência, participação e controle cidadão com relação ao funcionamento do Banco. “O objetivo central do Banco do Sul deve ser a promoção do desenvolvimento próprio, uma vez soberano e solidário, dos países membros e de toda a região. Desenvolvimento definido como o emprego dos atributos, recursos e potenciais das pessoas, das comunidades e dos povos, que não se pode fazer sem que eles mesmos sejam seus protagonistas principais”, ressaltam. Os movimentos acreditam que a atual conjuntura econômica e financeira regional e internacional é favorável para dar passos concretos: “Esperamos que se aproveite essa possibilidade histórica para criar um verdadeiro Banco Solidário dos Povos do Sul”. Hoje à noite, às 19h30, no Museu das Memórias, será apresentado o Informe Chokokue: Execuções e Desaparecimentos na luta pela terra no Paraguai (1989-2005), da Coordenação de Direitos Humanos do Paraguai (CODEHUPY). O documento denuncia 77 casos de execuções arbitrárias e desaparecimentos forçados de dirigentes e membros de organizações camponesas, no contexto da repressão e criminalização de suas manifestações de luta pelo direito à terra. Essas violações têm permanecido em sua maioria invisíveis e impunes. Amanhã, será realizada uma caminhada até o local do encontro dos presidentes do Mercosul, um hotel afastado do centro de Assunção. Os organizadores esperam a participação de duas mil pessoas.
A Cúpula alternativa acontece em um contexto de consolidação da candidatura de obispo Fernando Lugo para presidente do Paraguai apoiado por organizações sociais, camponesas e gremistas; com uma proposta de Reforma Agrária Integral. Entre as organizações que realizam a evento estão: Iniciativa Paraguaia para a integração dos Povos, Coordenação de Centrais Sindicais, Associação de ONGs do Paraguai (POJOAJU), Bloco Social Popular, Organizações Camponeses e Indígenas, Programa Mercosul Social e Solidário, Campanha sem Desculpas – Paraguai.