Fonte: Jornal O Povo
O Ceará ganha até o final do ano três bancos sociais. Nesta primeira quinzena, o banco Paju, no município de Maracanaú, deve abrir as portas. Além dele, as experiências sociais devem surgir nas cidades de Beberibe e Irauçuba
“Aceitamos palmas”. Para quem já se acostumou à frase fixada nas topics – aquelas que fazem o percurso do conjunto Palmeiras para o Centro da cidade -, uma novidade: pode entrar em circulação o anúncio “aceitamos maracanãs”. Maracanã é a nova moeda que deve movimentar o comércio do município de Maracanaú, com a criação do banco comunitário Paju. A previsão é que o banco comece a operar ainda nesta primeira quinzena de dezembro. Além do Paju, outros dois bancos comunitários devem surgir ainda este ano: o Bancart e o Bandesp. O primeiro será criado no município de Irauçuba, na Associação dos Artesãos do Missi. Já o outro nasce da articulação do Fórum dos Associados do Beberibe, na cidade de Beberibe.
O Paju está em discussão no Conselho Comunitário de Pajuçara desde 2002 e ganhou força com o apoio da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes). O coordenador de microcrédito da Prefeitura de Maracanaú e articulador do banco, Nauriélio de Andrade, afirma que o banco deve atender toda a população do distrito de Pajuçara, hoje superior a 40 mil pessoas. Segundo Andrade, nesses quatro anos foram realizados diversos cursos e oficinas, contando com grande apoio da comunidade local. “A gente vai acumulando forças até a coisa se estabilizar, né?!”, afirma, otimista. Hoje, estarão sendo testados os equipamentos para que as atividades se iniciem ainda esta semana, como prevê Andrade.
Andrade explica também que o banco deve oferecer duas modalidades de crédito. Uma de consumo em que deve circular a moeda social e outra de crédito produtivo, feito em reais. “O primeiro passo será cadastrar estabelecimentos que vão participar do processo. A proposta é ser uma rede que ofereça descontos aos moradores de Pajuçara”, destaca o coordenador. Andrade afirma ainda que na próxima sexta-feira deve ser feita uma audiência pública para apresentar o banco à toda a cidade.
O montante disponível para financiamento será de R$ 30 mil, recurso oriundo do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), através do Banco Popular do Brasil. O limite máximo de empréstimos será de R$ 5 mil, mas só poderá ser retirado de uma vez se cumprir uma série de exigências. Os requisitos serão levantados pelos funcionários do banco e avaliados por um conselho formado por membros da comunidade. O investimento em infra-estrutura está sendo feito pela Prefeitura que também manterá dois funcionários fixos no local. (Camille Soares)
Rede quer criar 3,8 mil empregos
Aumentar em 30 o número de bancos comunitários do desenvolvimento no Ceará no próximo ano. A proposta é da Rede de Bancos Comunitários do Ceará e foi levada ao vice-governador eleito, Francisco Pinheiro. De acordo com o coordenador do Banco Palmas, João Joaquim de Melo Neto, o objetivo é criar, até 2010, 300 bancos no Estado. Com o número, cada município teria um banco comunitário e cidades maiores, como Fortaleza, teriam cerca de quatro.
Ele calcula que seria necessário um orçamento de R$ 3 milhões em crédito e R$ 2 milhões para criar a infra-estrutura necessária. “Fechamos uma parceria com o Banco Popular do Brasil e esse montante vai ser discutido em uma reunião com a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), Governo do Estado e Banco Popular”, explica Melo. O que o coordenador diz é que essas experiências devem ser instaladas em lugares onde não há agências bancárias, como favelas, assentamentos e distritos rurais mais afastados. “A filosofia é dar acesso ao crédito a essa população que não tem acesso a esse serviço”, conta.
A Rede foi criada na semana passada e já definiu como metas iniciais a criação de 3.800 postos de trabalho e a manutenção dos 7.600 empregos, entre diretos e indiretos. Além disso, deve ser criadas 100 pequenas empresas dentro da filosofia da economia solidária. Hoje, a Rede está sob coordenação do Instituto Banco Palmas. (CS)