Fonte:patsbs@hotmail.com
A empresa Vectra Revestimentos Cerâmicos, em concordata a dois anos não estava cumprindo com suas obrigações. Em 25 de Julho de 2005, o proprietário resolveu parar a produção alegando não ter mais condições de continuar. Os trabalhadores ficaram apreensivos, pois não sabiam o que estava acontecendo. Passados alguns dias e nada havia se concretizado os funcionários resolveram acampar em frente à fábrica para cuidar do patrimônio, foram meses de luta e sofrimento sem ter recebido os salários devidos. Através do sindicato da categoria a ANTEAG – Associação Nacional dos Trabalhadores e Empresas de Autogestão foi convidada a participar de uma assembléia com os trabalhadores, nesta ocasião os funcionários decidiram formar uma cooperativa com o intuito de manter os empregos. E deram inicio a constituição da COOPERVECTRA – Cooperativa dos Trabalhadores Ceramistas de Içara. Que recebeu seu registro no dia 24 de outubro de 2005. No dia 09 de setembro do mesmo ano o Juiz decretou a falência da empresa, os ex-funcionários entraram na empresa em forma de protesto. Dando inicio a uma incessante caminhada para conseguir o arrendamento da fábrica para a cooperativa. Após a liberação da empresa pelo Juiz os cooperados começaram uma nova caminhada para conseguir produzir e vender seu produto. Hoje os trabalhadores administram a antiga empresa e completaram no ultima dia 24 de outubro um ano de autogestão (gestão coletiva dos trabalhadores). Dos 170 funcionários, ficaram 38. “Muitos não acreditavam, mas nós vimos que era a nossa única chance de fugir do desemprego e lutar por uma situação melhor,” lembra o diretor Administrativo da Cooperativa, Ricardo Custódio. Hoje, os antigos colegas de trabalho que não aderiram o projeto pedem uma vaga na cooperativa.
Atualmente, estão fornecendo 1,2 mil toneladas de matéria-prima para as cerâmicas da região. Até o final deste ano, a intenção é iniciar a própria produção de pisos e azulejos. A antiga empresa produzia até 220 mil m2 de pisos e azulejos por mês. Agora eles partem para conseguir parceiros. Os cooperados realizam a manutenção das máquinas paradas, além de algumas modificações, que antes os ex-patrões ignoravam. “Mudamos uma esteira de azulejo que facilitou o trabalho”, conta Ricardo. A Cooperativa tem o Conselho Fiscal e Administrativo, tudo é discutido com os cooperados, coma as sobras divididas entre eles. As retiradas mensais – o que se conhece como salário – vária de R$ 550,00 a R$ 700,00. O aluguel pago pelo uso do espaço serve para pagar dívidas da antiga empresa, a chamada massa falida. Na parede o aviso: “Um minuto no celular custa um centavo para cada cooperado” – Já indica que os dispêndios da Cooperativa (despesas) são divididas igualitariamente. Da mesma forma que as entradas. A COOPERVECTRA continua com a assessoria da ANTEAG e já participaram de feiras, conferências, fóruns, seminários em Brasília, São Paulo e no Rio Grande do Sul. O presidente Danilo Rufino, ex-forneiro da antiga Vectra, vê a cooperativa como a única saída para os trabalhadores não serem explorados. A iniciativa dos ceramistas serve de modelo para todo o Brasil.