Fonte: http://www.ufrj.br/noticias/materia.php?cod=2572, por Aline Durães

A área de extensão da UFRJ ganha mais um incentivo. O projeto de inclusão produtiva idealizado pela Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) foi aprovado pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Essa iniciativa tem como objetivo a inserção de jovens de 18 a 24 anos no mercado de trabalho.

Em setembro de 2005, o MDS abriu um edital para selecionar as Instituições de Ensino Superior (IES) que seriam contempladas com o auxílio governamental. A prioridade foi dada às universidades que possuem incubadoras populares e trabalham junto à Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Dentre os vários temas disponíveis, a ITCP, órgão vinculado à COPPE, optou por fazer um plano de geração de trabalho e renda e economia solidária para jovens.

O Projeto

A idéia do projeto é aliar o acesso à tecnologia de informação com a inclusão cidadã. Por isso, a equipe da ITCP decidiu criar um cybercafé em Mesquita, município da Baixada Fluminense. Vinte jovens, moradores da região, serão recrutados para participar da iniciativa. Eles devem freqüentar aulas na incubadora e, ao mesmo tempo, atuar no gerenciamento da empresa.

A remuneração desses monitores, que receberão também vale-transporte, será feita através da renda gerada pelo cybercafé. A perspectiva é de que eles, ao final do curso, montem uma cooperativa própria. Com isso, os jovens estariam prontos para ingressar no mercado de trabalho e poderiam ceder lugar para novos alunos.

Gonçalo Guimarães e João Guerreiro, coordenadores do projeto de inclusão, afirmam que a escolha recaiu sobre um cybercafé porque é cada vez maior a demanda por esse tipo de serviço. Além disso, de acordo com os pesquisadores, o cybercafé é um ambiente educativo e informativo, que pode propiciar aos jovens outras possibilidades de emprego. “A informática é atraente para o jovem e oferece muitas áreas de atuação. Ela pode potencializar futuros trabalhos, funcionando como um trampolim profissional” ressalta Gonçalo.

Perfil dos Estudantes

A ITCP pretende consultar os cadastros da Prefeitura de Mesquita para fazer a seleção dos participantes. Algumas exigências vão nortear esse processo. Os jovens escolhidos devem ser filhos de beneficiários do programa Bolsa Família, oriundos de escolas públicas e moradores de comunidades carentes. A escolaridade mínima para ingressar no projeto é o ensino fundamental completo. É necessário também que esses jovens ainda estejam estudando.

Cada aluno passará por uma etapa eliminatória de entrevistas com a equipe do ITCP. Posteriormente, serão realizadas dinâmicas de grupo; delas sairão os 20 jovens contemplados para compor a primeira turma do projeto.

Objetivos e Desafios

A grande meta do plano de extensão é ampliar a visão de mundo dos jovens atendidos, evitando que, em vista das suas condições de vida, eles se associem ao tráfico e à criminalidade. A intenção é oferecer a eles uma perspectiva de futuro digno. “Não nos preocupamos apenas com a formação técnica do aluno; investimos também em aulas que procurem suscitar nele o pensamento crítico. Ele vai perceber que pode respirar fora do mundo no qual viveu até ali”, destaca João Guerreiro.

A ITCP, criada há dez anos, possui outras cooperativas de informática, como a Dinamicoop e a Ywara, mas essa é a primeira vez que a incubadora vai trabalhar com jovens. O público dos projetos é, em geral, composto por pessoas com idade média de 35 anos. Lidar com faixas etárias mais baixas é um dos maiores desafios para os coordenadores. “A paciência, o interesse, a dispersão e a resposta dos jovens são diferentes. Populações adultas têm determinadas expectativas, não compartilhadas pelos mais novos. Por outro lado, os jovens podem gerar frutos diversos e sua inserção no mercado de trabalho é mais rápida”, enfatiza Gonçalo Guimarães.

As informações acerca do projeto de inclusão produtiva podem ser obtidas através do site www.itcp.coppe.ufrj.br ou pelo portal www.cooperativismopopular.ufrj.br.

A UFRJ teve ainda outro projeto de extensão aprovado no mesmo edital do MDS. O plano foi pensado pelo Núcleo de Solidariedade Técnica (SOLTEC), órgão vinculado à Escola Politécnica, e também visa à inclusão produtiva de jovens, mas será realizado na Cidade de Deus.