Fonte: Agência Notícias do Planalto, por Clara Meireles
As mulheres negras brasileiras aproveitaram o dia 25 de julho para falar de uma vitória do movimento negro: fazer o país admitir que é racista. A avaliação é de Sônia Leite, integrante do Fórum Estadual de Mulheres Negras de São Paulo. Segundo ela, sempre houve o mito de que o Brasil não cultiva preconceitos, e por esta razão, sempre foi tão difícil combater o racismo. Segundo Sônia, “conhecer o inimigo é fundamental para derrotá-lo”.
“Nós sabemos que a população negra passou por um processo, desde o período pós-abolição, de não-inclusão dentro do mercado produtivo.
(…) Tanto o acesso com relação aos bens materiais, quanto dos direitos de cada cidadão brasileiro como educação, saúde, saneamento e habitação. Esses serviços já são precários para quem é pobre, mas para quem é negro é pior ainda”.
De fato, os números da realidade brasileira mostram que o preconceito ainda é muito forte e isso deve ser sempre denunciado no Dia da Mulher Negra. Dados do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) indicam que o salário da população negra é menor, além de ocupar os piores empregos. Os negros não têm as mesmas condições de saúde e moradia que a população branca. A posição das mulheres negras neste cenário de exclusão é ainda mais precária: 21% das brasileiras negras são empregas domésticas, quase a metade nunca fez exame de mama e parte significativa ainda convive com o analfabetismo.
Para Sonia Leite, que também é integrante da Marcha Mundial de Mulheres, o preconceito enfrentado por mulheres negras é duplo.
“Na verdade, a mulher hoje, além de querer espaço na luta contra o machismo, também tem que lutar contra o racismo. Essa é a grande diferença da luta das mulheres negras no país”.