O Fórum Brasileiro de Economia Solidária vem a público divulgar os apoios a sua carta sobre as parceiras da SENAES/MTE com organizações da sociedade civil. Apesar da Casa Civil ter liberado os convênios e novos editais, ainda permanecemos com uma insegurança jurídica com relação ao marco regulatório entre governo e as organizações da sociedade civil no país. Mantemos nossa mobilização nos estados, aprofundando a pauta e as articulações.
Excelentíssima Senhora DILMA ROUSSEFF,
Presidenta da República Federativa do Brasil
A Plataforma pelo Novo Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (OSCs), do qual o Fórum Brasileiro de Economia Solidária é integrante, vem avançando desde 2011 na construção de uma proposta de legislação para aperfeiçoamento do marco legal e de medidas visando mais transparência sobre a atuação das OSCs, buscando diálogo com a Secretaria Geral da Presidência da República e Vossa Excelência. Atualmente segue em andamento no Senado o substitutivo ao Projeto de Lei 649/2011 sobre o tema.
Acesse a carta em pdf em: http://www.fbes.org.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=1811&Itemid=18
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As organizações da Sociedade Civil têm desempenhado um papel fundamental na construção, gestão, execução e controle social das políticas públicas, contribuindo significativamente com sua execução de forma ágil, eficaz, ética e comprometida com resultados qualitativos e quantitativos. Vossa Excelência afirmou a necessidade de uma relação jurídica mais adequada entre o Estado e as OSCs, reconhecendo que, para cumprirem suas funções, “as entidades devem ser fortalecidas sem que isso signifique reduzir a responsabilidade governamental, em um ambiente regulatório estável e sadio”.
Assim como Vossa Excelência, acompanhamos com preocupação as denúncias sobre irregularidades em convênios firmados entre o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e entidades sem fins lucrativos, principalmente a maneira como tais fatos vêm sendo tratados por setores de gestão pública e pela mídia. Isso compromete a imagem pública de uma infinidade de organizações e faz com que a opinião pública julgue sem critérios e se volte contra todas as organizações, entre elas as que têm prestado relevantes serviços à democracia e ao desenvolvimento deste país.
Repudiamos diversas ações que vem sendo realizadas por este governo que criminalizam as organizações da sociedade civil e os movimentos sociais, colocando todas as parcerias, convênios e repasses de recursos sob suspeita. O governo deve ter uma atuação para apurar os fatos denunciados relativos ao Ministério do Trabalho e Emprego, bem como de outros ministérios, e não bloquear a relação com todo o conjunto das OSCs, o que gera uma penalidade injusta das mesmas, como a atual suspensão de todos os repasses de recursos dos termos de adesão e convênios celebrados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, incluindo os da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Portaria 1.409/MTE). Isso traz o risco de interrupção dos projetos e ações de economia solidária em andamento, visto que se até final de novembro o MTE não celebrar os convênios, os recursos retornam para os cofres da União.
Esperamos maior proximidade do governo junto a sociedade, os movimentos sociais e as organizações da sociedade civil para fortalecer a democracia, superar as desigualdades e combater a pobreza. Os programas e projetos de economia solidária, ainda com pequeno e limitado orçamento, são prioritários na superação da pobreza e da miséria, fortalecendo práticas de organização coletiva do trabalho, educação popular cidadã, finanças solidárias, produção, comercialização e consumo, organização de redes, entre outros, que atendem milhares de trabalhadores e trabalhadoras brasileiras.
Repudiamos o não andamento das políticas públicas de economia solidária, o cancelamento de projetos em andamento ou qualquer outra penalização injusta de parceiras da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES/MTE) com as organizações da sociedade civil, as quais já passaram por um rigoroso e burocrático processo público de conveniamento e contratação com entidades reconhecidas dos movimentos sociais, sociedade e pelos serviços que prestam.
Apoiamos o trabalho da SENAES que desde 2003 atua para fortalecer as práticas de economia solidária em conjunto com a sociedade e o movimento social da economia solidária, a qual nunca esteve envolvida em denúncias e escândalos por desvios de recursos públicos. Sem a sociedade civil organizada, os programas e políticas públicas de economia solidária, da agroecologia, mulheres, povos e comunidades tradicionais, e tantos outros, não teriam seus objetivos alcançados com a mesma agilidade e comprometimento para fortalecer estas práticas e contribuir significativamente no processo de desenvolvimento justo, solidário e sustentável deste país.
Brasília, 01 de novembro de 2013.
Assinam e apoiam esta carta
Movimentos e organizações nacionais
Associação Brasileira de Organizações não Governamentais – ABONG
Associação de Mulheres Vitória-Régia (RS): cultural, ecosol, meio ambiente, direitos humanos e voluntariado
Associação dos Sem Terra da Zona Norte de São Paulo
Articulação Semiárido Brasileiro – ASA
Centro de Direitos Humanos de Palmas – CDHP
Centro de Teatro do Oprimido – CTO (RJ)
Coisa de Mulher (RS)
Comissão Nacional dos Pontos de Cultura – CNPdC
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil
Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – CONAC
Criola
Fórum Brasileiro de Economia Solidária – FBES
Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional – FBSSAN
Fórum de Transparência e Controle Social de Niterói
Gestos – HIV, Comunicação e Gênero
Instituto Kairós de Consumo Responsável
Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA Brasil
Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu
Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis – MNCR
Observatório Social de Niterói
ONG Rio Ambiental
Plataforma de Direitos Humanos – Dhesca Brasil
Ponto de Cultura da Biblioteca do FSM
Ponto de Cultura Voluntário Vitória-Régia (RS)
Rede de Mulheres Negras para Segurança Alimentar e Nutricional
Rede Nacional de Controle e Promoção da Saúde das Lésbicas Negras – Rede Sapata
Rede Nacional de Cultura Ambiental Afrobrasileira
Representação da Região Sul no Colegiado Setorial de Artesanato do CNPC/MINC-RS
União Popular de Mulheres de Campo Limpo e Adjacências (Banco Comunitário União Sampaio, Agencia Popular de Fomento a Cultura Solano Trindade e Loja Colaborativa É D Marca)
Fóruns de EJA do Brasil
Fórum Mineiro de EJA
ITCP/UNIVALI
Rede Estadual de Saúde e Economia Solidária de SP
Redes e Organizações Internacionais
Chantier de L’Economie Sociale – Quebec/Canadá
Coalición Rural Estados Unidos de Norteamerica y Mexico
Instituto de Desarrollo de la Economía Asociativa (IDEAC) – República Dominicana
Instituto de Organizaciones de Economía Solidaria (Redesol) – Republica Dominicana
Mesa Nacional de Trabajo Cooperativo y Solidario – Colombia
Red de Fundaciones y Organizaciones de ESS de Centroamerica y Caribe
Rede Intercontinental de Promoção da Economia Social e Solidária Capítulo América Latina e Caribe – RIPESS LAC