Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/12197
A morte de Hugo Chávez era esperada.
Regressou a Caracas consciente de que o seu tempo de vida findava. Voltou para morrer na Venezuela, entre a sua gente, admirado pela grande maioria do povo, confiante na continuidade da Revolução pela qual viveu e lutou com a coragem e a tenacidade de Bolivar, o herói continental cujo projeto desafiador retomou transcorridos dois seculos.
Ele desmentiu numa breve e luminosa trajetória a tese da excepcionalidade absoluta da Revolução Cubana. Demonstrou que, afinal, era possível, num país transformado em semi – colônia, conquistar a Presidência, enfrentar o imperialismo, e, num contexto histórico muito diferente, romper as engrenagens da dominação estrangeira e proclamar que a Venezuela Bolivariana se propunha a destruir o capitalismo e, com o apoio maciço classe trabalhadora e da maioria das Forças Armadas, lançar as bases de um partido revolucionário, inviabilizar o projeto recolonizador da ALCA, e iniciar as batalhas da construção do Socialismo e da Unidade Latino-americana.
Washington, durante a presidência de Clinton, primeiro, e depois de Obama, desempenhou um papel fundamental na conceção, organização e desencadeamento de dois golpes de Estado- um militar, outro, o lock-out petrolífero, econômico para travar e destruir a Revolução. Em ambas as tentativas, a mobilização popular foi decisiva para a derrota das intentonas contrarrevolucionárias.
No momento em que o povo de Bolívar demonstra nas ruas com emoção o que para ele significou o dirigente que tornou possível o impossível aparente, é cedo para avaliar o futuro da herança revolucionária que lhe sobrevive. Ninguém como ele se bateu tão intransigentemente pela unidade dos povos da América Latina.
Mas independentemente do veredicto da História sobre o homem e a obra, uma certeza transparece. Se é indesmentível que são os povos que constróem o caminhar da humanidade, é também evidente que Hugo Chávez será lembrado como exemplo da importância decisiva que o fator subjetivo assume por vezes nas grandes viragens históricas.