Fonte: Henrique Tahan Novaes (hetanov@yahoo.com.br)

De 09 a 12 de julho de 2013 ocorrerá na cidade de João Pessoa – PB o IV Encontro Internacional “A Economia dos Trabalhadores” – Alternativas autogestionárias e o trabalho frente à crise económica global. A data limite para o envio de resumos de artigos é até 22 de abril.

Em um contexto internacional no qual a crise global capitalista afeta mais diretamente aos países europeus, especialmente os da zona mediterrânea, e a única reação dos governos consiste nas mesmas receitas que já foram provadas no resto do mundo, que só levam ao empobrecimento, a desocupação estrutural, a marginalização e à precarização da vida das maiorias sociais que vivem do seu trabalho, grandes movimentos de protesto começaram a reagir nos países “desenvolvidos” mais aferrados pela crise, recolocando no centro do cenário a necessidade de que a gestão da economia não apenas contemple as necessidades sociais, mas que esteja nas mãos dos trabalhadores e trabalhadoras.

Nos países do chamado Terceiro Mundo, especialmente na América Latina, amplos movimentos sociais, organizações populares e movimentos de trabalhadores tem desenvolvido processos de organização de base nos quais, em muitos casos, tem se expressado a autogestão das unidades econômicas produtivas ou de serviços, como é o caso das empresas recuperadas por seus trabalhadores e outras formas de autogestão do trabalho, tanto urbanas como rurais. Em alguns casos, estes movimentos populares conseguiram se articular com o poder público, como se vê em vários países sulamericanos, colocando a questão do papel dos Estados como possíveis potencializadores destes processos, uma vez que são objeto de disputa e aparato de poder tradicional, e colocando em debate novamente a relação entre este poder estatal e a autonomia do movimento popular.

O Encontro Internacional “A Economia dos Trabalhadores” busca colocar em debate estas questões e outras relacionadas com a luta dos trabalhadores e trabalhadoras, nas diferentes perspectivas e contextos nacionais, articulando o mundo acadêmico comprometido com essas lutas e os trabalhadores e militantes sociais. Busca conformar assim um espaço de debate que se vem desenrolando, tendo como perspectiva e ponto de partida as experiências de autogestão econômica dos trabalhadores. Empresas recuperadas, experiências de autogestão do trabalho, cooperativas, movimentos de trabalhadores organizados sindicalmente, trabalhadores rurais, movimentos sociais, correntes políticas e intelectuais, entre outros, temos desenvolvido este Encontro do qual tem participado mais de 20 países.

Reiteramos aqui o que assinalamos nos documentos convocatórios anteriores: “ainda que de forma desigual e não hegemônica, os diferentes setores e expressões de uma classe trabalhadores cada vez mais diversificada já apresentam alternativas que não se limitam à esfera do econômico, mas que também alcançam esferas que permitem vislumbrar uma imbricação com processos culturais que, baseados em relações não capitalistas, dão como resultado espaços reconfigurados nos quais se podem rediscutir relações internas de poder e de gênero, assim como a relação com a comunidade. Este processos, presentes nas fábricas recuperadas e empreendimentos autogestionários incipientes, permitem vislumbrar que os/as trabalhadores/as podem apresentar à humanidade um modelo alternativo mais humano e economicamente viável que o que apresenta o neoliberalismo. A proposta deste IV Encontro Internacional “A Economia dos Trabalhadores” é seguir com o exame e sistematização destas experiências, tanto na crítica e resistência à gestão da economia pelos capitalistas, como na conformação das suas próprias formas de gestão.

Este IV Encontro para o qual estamos convocando, será realizado no Nordeste do Brasil, na cidade de João Pessoa, estado da Paraíba, organizado pela Incubadora de Empreendimentos Solidários – INCUBES, da Universidade Federal da Paraíba e o Programa Facultad Abierta, da Universidad de Buenos Aires.

Vale ressaltar que os temas e eixos de debate do encontro foram se diversificando ao longo do tempo, ampliando para diferentes áreas das lutas sociais e do pensamento crítico, mas sem abandonar a especificidade que seu título indica: como pensar, debater e construir uma economia a partir dos trabalhadores e da autogestão.

Eixos de Debate:

1.Crítica à gestão capitalista da economia e propostas de autogestão global;

2. A nova crise do capitalismo global: análise a partir da economia dos/as trabalhadores/as;

3. Autogestão, balanço histórico: das comunidades tradicionais ao movimento operário;

4. A autogestão na etapa atual: seus problemas e potencialidades. Empresas recuperadas, empreendimentos autogestionários dos povos originários, camponeses, e dos movimentos sociais;

5. Autogestão e gênero: criando democracia.

6. A experiência socialista: crítica, passado e futuro;

7. Os desafios da experiência sindical no capitalismo neoliberal global;

8. Trabalho informal, precário e servil: exclusão social ou reformulação das formas de trabalho no capitalismo global?

9. Os novos movimentos de resposta à crise econômica global: perspectivas a partir das lutas pela autogestão;

10. Os desafios dos governos populares na gestão social da economia e do Estado;

11. A universidade, trabalhadores e movimentos sociais: debate em torno das metodologias e práticas de construção mútua.

12. Pedagogia da Autogestão

Enviar trabalhos para: laeconomiadelostrabajadores@yahoo.com.br