Por Édi A. Benini
Considerando a autogestão como um conceito e práxis que se opõe a alienação do trabalho, logo, uma construção histórica que tem no campo das tentativas de trabalho associado suas primeiras manifestações concretas, é que passamos a discutir sobre as condições para uma efetiva autogestão na economia solidária. Nesta perspectiva, ao se problematizar três formas de enfrentamento do trabalho frente ao capital: o reformismo, o estatismo, e a via do trabalho associado (renovada no movimento da economia solidária), transparece que, apensar dos limites de cada uma, somente a economia solidária vem a questionar diretamente as mediações do capital.
Na segunda parte do livro, discutem-se as contradições do movimento da economia solidária, ressaltando que a impossibilidade de realização da autogestão reside na fragmentação material e econômica dos empreendimentos econômicos solidários, ou na sua integração por meio das mediações alienadoras do capital. Tal impasse leva a necessidade de criação de novas mediações, a partir dos vários acúmulos já conseguidos nas lutas e tentativas de trabalho associado ou de formas de autogestão. Nesse horizonte, propõe-se nova forma de se conceber a economia solidária, e com isso, reorientar sua práxis, em três novas mediações: propriedade orgânica, renda sistêmica e autogestão societal, bases para um sistema orgânico do trabalho. Na terceira parte discutimos formas de implementação de um autêntico sistema orgânico do trabalho, situando o mesmo no campo dos movimentos sociais e frente ao Estado. Por fim, advogamos que a busca por meios para uma autogestão plena significa, sobretudo, instituir as bases para uma sociedade de fato sustentável e solidária.
Sobre o autor
Édi A. Benini atualmente é professor assistente da Fundação Universidade Federal do Tocantins – UFT e coordenador do curso de Gestão Pública e Sociedade (especialização). Doutorando em Educação na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.