Fonte:Daniel Tygel ()
A partir da questão: Quem manda no capitalismo brasileiro?, o Instituto Mais Democracia e o EITA realizaram no dia 25 de outubro de 2012, uma campanha de mobilização, com o objetivo de debater como as grandes empresas/bancos interferem na vida pública. O evento foi realizado no Circo Voador e contou com o show de El Efecto e Mundo Livre S/A. Abaixo o Manifesto.
Quem realmente se beneficia dos recursos públicos?
Ao fazermos estas perguntas mostramos que não estamos satisfeitos com os limites atuais da política tradicional, das decisões que os governos tomam em nossos nomes.
Se você quer saber as respostas, é porque também não está satisfeito com a formalidade e a superficialidade que caracterizam as políticas públicas e os gastos oficiais.
Você também quer Mais controle social sobre o poder econômico.
Você também quer Mais justiça social e ambiental.
Você também quer, enfim, Mais Democracia!
E o primeiro passo para alcançar tais conquistas é reconhecer que a democracia no atual sistema político nunca será suficiente se o poder econômico continuar concentrado em poucas mãos, contrariar o interesse da maioria da sociedade e passar por cima dos nossos direitos.
Queremos que a democracia e o sentido republicano que precisa orientar nossas relações sociais alcancem o “andar de cima”. É lá onde se realizam os grandes negócios com o dinheiro e com o direito público. Onde as decisões mais importantes para a nossa sociedade, por enquanto, ainda são tomadas.
O Instituto Mais Democracia foi criado em 2011 para servir de instrumento de pesquisa e de mobilizaçã o da sociedade para, juntos, apontarmos sobre quem realmente manda no Brasil e procurarmos os caminhos para superar esse limite ao exercício da democracia e da república.
No dia 25 de outubro de 2012, lançaremos uma grande campanha de mobilização, com o objetivo de debater como as grandes empresas/bancos interferem na vida pública, ou seja, na vida de cada um de nós.
Como faremos?
Nossa primeira grande pesquisa, feita justamente para investigar as participações acionárias dos maiores conglomerados econômicos do País, objetiva revelar como eles se conectam e se relacionam entre si e com diferentes instâncias do Estado brasileiro. E, por consequência, como e quando tomam decisões que nos impactam o dia a dia.
Nossos objetivos são:
Revelar quem são os maiores proprietários do país. Não se trata de listar as maiores empresas em faturamento, mas sim de nomear e fazer um ranking dos controladores destas empresas.
Expor o relacionamento do Estado brasileiro em aliança com estes proprietários privados, através das estatais e principalmente o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e paraestatais, como fundos de pensão – através de participações societárias, financiamentos e presença em conselhos de administração das empresas controladas.
Mostrar como estes maiores proprietários financiaram as campanhas nas últimas eleições e qual o retorno que obtiveram, seja em termos do aumento do seu lucro líquido, seja no faturamento graças à contratações públicas.
Mapear as violações de direitos (principalmente direitos humanos), os passivos sociais e ambientais gerados pelos “proprietários do país”. Confrontaremos tais informações com os relatórios de responsabilidade socioambiental das empresas controladas e divulgaremos para a sociedade a farsa por trás de supostas ações de “responsabilidade social”.
Mais do que as informações que serão disseminadas, o importante nesta campanha é chamar a atenção para a necessidade do controle social sobre o poder econômico para desconstruir o atual consenso social criado em torno da necessidade de sempre crescer economicamente, sem considerar os direitos humanos e os custos sociais e ambientais dessa opção, além de insistir na concentração da renda nas mãos de poucos.
Produto desse consenso social de “crescimentismo”, aquele que concentra a renda passa a ser visto como benfeitor gerador das riquezas, que precisa de todas as facilidades e garantias para o seu negócio. E, com isso, a pobreza e as violações de direitos se repetem e se perpetuam no atual modelo de desenvolvimento econômico do país.
Esta campanha pretende engajar a sociedade, tanto nas redes sociais, como nas ruas. Esta não é uma missão para apenas uma organização e tampouco tem prazo definido. Queremos provocar, int ervir e interagir, envolvendo as populações diretamente atingidas por grandes projetos econômicos, que ficam extremamente vulneráveis aos abusos do poder econômico.
Como campanha permanente do Instituto Mais Democracia, suas ações e resultados serão construídos de forma solidária e criativa no contexto de sua realização, e sempre seguindo nossos valores fundamentais:
Ética e transparência
Participação social
Autonomia, independência e autogestão
Vinculação com as lutas sociais e comunitárias
Pensamento crítico e autocrítica ..Respeito e valorização da diversidade e das diferenças
Queremos contar, prioritariamente, com o “espírito jovem”, de todos os segmentos sociais, independente da idade, e sim pela capacidade que têm de se indignar, de se encantar, de acreditar e de lutar pela mudança. Sem isso, sabemos que uma tarefa como a aqui proposta não será possível.
Por isso, convocamos todos os que desejam e acreditam que podemos e devemos lutar por MAIS DEMOCRACIA, a comparecer no dia 25 de outubro ao seminário e ato público que acontecerá em um local no Centro do Rio de Janeiro, ainda a ser definido.