Fonte: Expressão Popular (www.expressaopopular.com.br)
O livro, de Henrique Novaes, trata da exceção que resiste à ofensiva neoliberal sobre o ensino superior
Florestan Fernandes disse, certa vez, que “os universitários (professores ou estudantes) e os intelectuais de formação universitária (os chamados ‘antigos alunos’) podem percorrer qualquer dos três caminhos que se abrem como ‘possibilidades históricas’ diante deles: o da estagnação relativa; o do desenvolvimento acelerado; ou o da revolução social”. Estávamos, então, sob uma ditatura terrível que, por si só, já entabulava afinidades entre democracia e revolução. Restabelecida a “normalidade democrática” do país, conferimos a ruptura da afinidade: a instituição superior burguesa não seguiria o caminho da revolução social.
Em vez disso, seus discípulos no Brasil e na América Latina, muitos dos quais opositores ferrenhos do regime militar, optaram pela reforma universitária, uma mescla a-crítica de estagnação social e desenvolvimento tecnológico. Pois, na contramão desta tendência neo-apologeta do chamado neodesenvolvimentismo, Henrique T. Novaes compõe um estudo de abordagem rara na academia. Sobretudo porque, ao negar a “científica” neutralidade axiológica, assume comprometimento ideológico com a melhor tradição da crítica marxista no Brasil, na América Latina, na Europa. Florestan Fernandes, Octavio Ianni, Mauricio Tragtenberg, José Carlos Mariátegui, István Mészáros figuram como referências obrigatórias para realizar análise corajosa do que deveria ser a verdadeira função social do conhecimento constituído no interior da Universidade.
Reatando um fio interrompido: a relação universidade-movimentos sociais na América Latina,muito oportunamente, trata da exceção que resiste à ofensiva neoliberal sobre o ensino superior. Reacende a chama que encontramos nas análises críticas daqueles autores quando enfrentam o processo revolucionário não como ideal. A realidade social é analisada aqui desde a experiência do sujeito em movimentos sociais que visam construir a “desalienação do trabalho”. Habitação popular, agroecologia e fábricas recuperadas são as experiências que analisa trazendo também a iniciativa de professores e pesquisadores, seus pares na academia, cuja consciência social é conduzida pelo difícil, mas extremamente necessáriovínculoque a universidade pública deve estabelecer com projetos de caráter popular.
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