Por Secretaria Executiva do FBES
O debate sobre os processos de resistência ao capitalismo, a partir da ação de movimentos populares, apresentando a experiência do MST, além da identificação da organicidade da economia solidária, a partir dos Fóruns Estaduais de economia solidária, foram os temas debatidos neste segundo dia (18) do 2o módulo da Oficina Nacional na Escola Nacional Florestan Fernandes.
No mesmo período em que ocorre a Oficina, cerca de 130 jovens de diversos países, movimentos e organizações sociais da América Latina estão na escola realizando o Curso de Formação Política latinoamericano, que têm duração de três meses.
Dentre os principais aspectos trazidos pelo debatedor Valmor Schiochet (SENAES) sobre o tema dos processos de resistência ao capitalismo, foi a necessidade de estudar e aprender com as experiências anteriores de transformação social e luta, isso porque “temos que estudar este histórico, o conjunto de determinações históricas que nos levam a nossa realidade, para isso a necessidade de estudar e debater alguns pontos, como: o Historico das lutas anteriores, a Realidade que queremos mudar, Aonde queremos chegar? e Qual estratégia adotar?
Já Gustavo, membro do MST pontuou os principais elementos e acúmulos da construção e da luta do movimento dos trabalhadores sem terra:
Conquista será obtida pelos trabalhadores e não pelo capitalismo ou pelo estado
A luta tem que ser massiva
Conquistas tem que ser concretas, com marcas na histórica e que permita o acúmulo de forças, como a organização de um assentamento ou de uma cooperativa
Organização do movimento, que tenha organicidade, funcionamento e ideologia, existindo pra dentro e pra fora, na disputa junto a sociedade
Estudo do processo histórico de lutas, como das resistências no Brasil, URSS, Comuna de Paris, etc
Conhecer a realidade que se quere alterar (análise de conjuntura)
Ter um projeto político claro, o socialismo
Ter estratégia para atingir seu projeto político: cooperação como princípio organizativo
Além disso, Gustavo também pontuou algumas das diversas contradições que permeiam o trabalho em cada um dos aspectos destacados acima. E nos debates, os educadores também ralizaram a reflexão a partir de suas práticas no movimento de economia solidária.
Na parte da tarde, os debates estiveram em torno da atuação dos fóruns estaduais e locais de economia solidária, partindo de uma dinâmica e da apresentação dos critérios de reconhecimento e de avaliação de um fórum local. Na sequência os debates foram norteados pelas seguintes questões: O que faz as pessoas entrarem no fórum? Porque tem membros que não participam? Como ocorrem as atividades? O quanto nossa organização dá conta do nosso projeto político?
Dentre os pontos destacados no debate foram: a necessidade de criação de instrumentos de mediação de conflitos nos fóruns; a atuação de entidades, gestores e de membros que contradizem a proposta da economia solidária, gerando conflitos e disputas; a falta de informações sobre a economia solidária e o desafio de se criarem instrumentos que facilitem o acesso para locais que não tem internet; a melhoria de vida que tem que começar pelo próprio trabalhador; a importância de viver os princípios aonde o exemplo faz frutificar a proposta de transformação e luta.
Facilitando os debates, Tiana Almire da Coordenação Executiva do FBES e Luigi Verardo da Anteag, trouxeram importantes elementos. “A organização só acontece com gente comprometida e informada, temos que trabalhar para criar unidade na diversidade. Além disso, a articulação com os outros movimentos sociais não quer dizer que eles sejam também economia solidária ou que a gente se incorpore neles, não podemos fundir as coisas. Se não tivermos clareza de nossa identidade, poderemos nos perder na articulação com outros movimentos”, colocou Tiana Almire.
E Luigi colocou a questão da educação para a autogestão e a coerência entre prática e teoria: “A prática determina a ação, o método determina o fim. Temos que formar para e pela a autogestão (ensina e aprende). Nosso método é distinto de muitos outros, é em, para e pela autogestão”.
Por fim, os educadores e membros dos fóruns locais se dividiram por região para pensar quais são as questões necessárias para atender ao que nos propomos, ou seja, as perguntas necessárias de serem respondidas pelos fóruns estaduais.