Fonte: Blog Brasil Autogestionario
Especial para o Blog Trabalho
As afirmações do Prof. Dagnino* (acesse http://miud.in/lZb) se referem ao programa governamental de erradicação da miséria no Brasil. Ele sugere que para o êxito do programa as compras públicas deveriam ser feitas de empreendimentos de economia solidária porque “estarão gerando trabalho e renda em espaços onde a tecnologia convencional – desenvolvida pelas empresas – é crescentemente incapaz de fazê-lo.”
Estas afirmações pressupõem que um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento da economia solidária – que certamente contribuiria para a erradicação da miséria – é o acesso insuficiente dos seus empreendimentos a mercados para vender sua produção. Há muita verdade nisso, pois a grande maioria dos muito pobres vive e trabalha em bolsões de miséria, onde os moradores têm muito pouco dinheiro para gastar. Esta carência de capacidade aquisitiva das comunidades limita o escoamento da produção dos empreendimentos de economia solidária. Por isso, é importante que o governo dirija uma parte de suas compras, que se destinam a aliviar o sofrimento decorrente da pobreza, a empresas que dão trabalho e geram renda para pobres.
Há vários programas do governo brasileiro que fazem isso. Um deles é o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, que integra o Fome Zero, pelo qual o governo federal adquire alimentos de agricultores familiares, desde que organizados em associações ou cooperativas. Os produtos adquiridos são doados a pessoas que deles carecem por meio de escolas, creches, abrigos, albergues, asilos, hospitais e ONGs. O valor das compras do PAA, entre 2003 e 2009 foi de 2,7 bilhões de reais, recebidos por 764 mil agricultores familiares. Os alimentos adquiridos foram doados a cerca de 7,5 milhões de consumidores.