Fonte: Jornal O Globo, artigo do leitor Thiago Edel
Muitos já perceberam que os resíduos que jogamos fora têm um grande valor e podem movimentar uma economia solidária muito importante no combate à pobreza mundial. A economia solidária objetiva a geração de renda num circuito de excluídos sociais e desempregados, contando com a cooperação entre Estado, sociedade e mercado. Com essa fórmula dando certo, teremos um razoável montante de capital sendo redistribuído para pessoas de baixa e baixíssima renda.
” A economia solidária objetiva a geração de renda num circuito de excluídos sociais e desempregados, contando com a cooperação entre Estado, sociedade e mercado. “
Temos o dever de separar os resíduos diariamente. Podemos doá-los a cooperativas de reciclagem ou a catadores autônomos. As empresas, que também têm o dever de implantar a coleta seletiva em seus domínios, podem abrir mão desse pequeno capital e também doar os resíduos para cooperativas. Por fim, cabe ao Estado formular e executar políticas públicas de apoio a essa nova profissão, além de cumprir a obrigação de doar seus resíduos a cooperativas populares, conforme decreto 5.940, de 25 de outubro de 2006, que institui a coleta seletiva solidária nos órgãos públicos federais.
Como o próprio termo evidencia, a economia solidária depende de sensibilização humana e práticas de cooperação entre diferentes esferas. Essa fórmula tem dado certo, apesar de ainda estar muito longe de um bom aproveitamento de seu potencial. Somente o mercado de resíduos sólidos possui um não aproveitamento de recursos milionário. O Estado tem a obrigação de formular políticas públicas que promovam esse aproveitamento econômico, assegurando a inserção das camadas populares na cadeia produtiva de forma satisfatória e incentivando a economia solidária.
A criação da Secretária Nacional de Economia Solidária e a inclusão em alguns pontos da inserção econômica e social dos catadores na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) são alguns exemplos de esforços governamentais, ainda tímidos, para o setor. Na mesma PNRS existem mecanismos legais que responsabilizam as empresas, os consumidores e toda a cadeia de consumo pelos resíduos gerados, preconizando a participação das cooperativas de catadores nos serviços ambientais prestados. Porém, faltaram outros mecanismos que assegurassem uma maior participação desses atores na cadeia produtiva da reciclagem e impedissem uma desleal concorrência com setores do capital.