Fonte: Movimento dos Atingidos por Barragem (www.mabnacional.org.br)
Acampados desde quarta-feira, dia 11, em Porto Velho, centenas de atingidos por barragens fazem marchas e protesto na capital nesta manhã. Eles saíram em marcha até o escritório do consórcio de nome fantasma Madeira Energia (Mesa), responsável pela construção da usina Hidrelétrica de Santo Antônio. Os atingidos dizem que o nome do consórcio Mesa é fantasma pois na verdade é formado pelas empresas Odebrecht, Andrade Gutierrez, Cemig, Furnas Centrais Elétricas e pelos bancos Banif e Santander.
Ainda pela manhã os atingidos seguiram até o Incra para exigir regularização fundiária das famílias que serão atingidas pelas duas barragens. Segundo Océlio Muniz, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), só em um assentamento que será atingido pelas barragens, cerca de 5000 famílias precisam de regularização.
Quanto à visita do presidente Lula a Rondônia no dia de ontem, não houve negociação entre o governo e o Movimento para um encontro, já que o governo aceitava somente dois representantes no local. “Já havíamos entregado a pauta de reivindicações em nossa assembléia de janeiro, porém até agora não tivemos respostas. Esperamos que esta atitude do governo não seja de desprezo com os atingidos por barragens e com o meio ambiente”, declara Muniz.
Segundo lideranças, o clima na região é tenso, as famílias se negam a sair de suas casas, mas são constantemente pressionadas pelo consórcio e ameaçadas de despejo, como já ocorreu. “Pelo histórico de lutas do MAB, normalmente quando a tensão entre os atingidos e as empresas é muito grande, ocorrem conflitos e isso não está descartado em nossa região”, declara o coordenador do Movimento, que acrescenta: “Em outros locais do Brasil, já tivemos casos em que funcionários das empresas foram expulsos das comunidades, se a empresa não respeitar a vida e os direitos dos atingidos, casos semelhantes podem acontecer”.
MAB denuncia que mesmo com o boicote das empresas construtoras das barragens, que tentaram inviabilizar o deslocamento das famílias, o acampamento reuniu a grande maioria das comunidades ribeirinhas: “Quem está tendo suas vidas destruídas se mobilizou e está aqui, mesmo que os ônibus tenham sido boicotados”, afirmam as lideranças. Nesta tarde, os atingidos realizam um assembléia para definir as próximas atividades do acampamento que faz parte da Jornada que demarca o Dia Internacional de Luta contra as Barratens, 14 de março.