Fonte: Valter Loeschner – SEPDAG-SFA/MS, enviado por Ari de Souza (ariartesao@yahoo.com.br)

Bela Vista/ MS sediou no dia 30 de agosto, um Seminário sobre Agricultura Orgânica Sustentável, dirigida a um grupo de mais de 200 participantes, entre, pequenos produtores, assentados, estudantes e comunidades agro extrativistas dos municípios de Caracol, Porto Murtinho e demais localidades da região sudoeste do Estado.

O evento foi realizado no cine São Jose e organizado pelo Fórum Regional de Economia Solidária, Associação Comunidade Ativa e a Comissão Estadual de Produção Orgânica (CPOrg/MS), presidida pela Superintendência Federal de Agricultura (SFA/MS). Augusto César Farias, técnico do Serviço de Política e Desenvolvimento Agropecuário (SEPDAG/SFA/MS) e coordenador substituto da CPOrg/MS, abordou durante a palestra de abertura do evento, as ações da Comissão Estadual e o perfil da agricultura orgânica sustentável, como processo alternativo e agregador de renda para as comunidades envolvidas.

A programação do evento contou com a apresentação de painéis, que trataram de assuntos de extrema importância para os pequenos produtores, assentados, estudantes e artesãos presentes. O tema “agricultura orgânica sustentável” é um assunto muito vasto e complexo, por esse motivo contou com palestras técnicas e situações práticas proferidas por técnicos e pesquisadores experientes no assunto como: Olivier Vilpoux, da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Samuel Alves, do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA/CONAB), Celso Arruda, Delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA/MS), Olácio Komori, Presidente da Associação dos Produtores de Orgânicos do MS (APOMS), Fernando Marques, Coordenador do Consórcio de Segurança Alimentar da Serra da Bodoquena (CONSAD), Haulison Castro, Assessor da SECAF e Miguel Ferreira, da Superintendência Regional de Trabalho e Emprego (SRT/MS).

A Associação Comunidade Ativa está desenvolvendo juntamente com os estudantes do curso de biologia da Uniderp, o mapeamento e o perfil de sustentabilidade das comunidades interessadas, no que diz respeito a exploração econômica de frutas silvestres (pequi, baru, jatobá, guavira, mangaba, pitanga, caju-do-campo) e das plantas nativas que podem ser colhidas e processadas, transformando-se em renda adicional para as famílias de pequenos agricultores, assentados e até dos cidadãos urbanos que produzem frutas de fundo de quintal (manga, acerola, caju, goiaba, etc), sem nenhuma forma de agressão a natureza, derrubada de árvores, queimadas, ou a utilização e inserção de plantas exóticas ao bioma existente. A colheita e transformação desses produtos nativos ou cultivados geram ocupação, trabalho e renda, conseqüentemente trazem melhorias na qualidade de vida dos cidadãos.

Alternativas

O trabalho que vem sendo desenvolvido em Bela Vista e região, primeiramente com o Baru ou Cumbaru, Pequi, Manga dentre outros, como experiência inicial (piloto), vai trazer aos interessados uma visão do processo da colheita e transformação primeiramente para o uso no contexto local, fazendo consequentemente a agregação: do valor cultural daquilo que a natureza nos oferece; da saúde da população pelo seu potencial protéico e vitamínico e finalmente o valor comercial pela diversidade de uso dos insumos para a produção de diversos sub-produtos, como sucos, farinhas, bolos, pães, sorvetes etc.

Prova do sucesso e da potencialidade econômica que a castanha do Baru vem fazendo no Brasil e no mundo, é o uso requintado em pratos especiais de restaurantes paulistas famosos como o “Restaurante Brasil a Gosto”, na região dos jardins em São Paulo, onde a Chef Ana Luiza Trajano, criou receitas apetitosas com base na culinária de 47 cidades brasileiras visitadas, resultando na criação de pratos especiais como, o “Badejo grelhado com crostas de castanhas de Baru”, um produto típico do nosso Cerrado e pouco conhecido e utilizado pela população sul-mato-grossense. Outro exemplo clássico do agro-extrativismo que dá certo são as potencialidades das frutas nativas, no qual sorveterias de várias partes do País oferecem mais de 200 sabores diferentes, como a “Sorveteria Nata do Cerrado”, na Asa Sul em Brasília, que expõe diariamente 48 tipos de sorvetes artesanais de frutas do cerrado, naturais, e isentos de gorduras trans ou gorduras hidrogenadas.

As propostas discutidas com os participantes do Seminário foram propostas simples, de baixo custo e de resultados imediatos. São propostas interativas e integrativas simultaneamente, que se desenvolvem a partir da agregação de novos valores culturais aos já existentes. “Partindo do principio que a sustentação econômica de base da região é a de pecuária leiteira, propusemos nesse primeiro estágio a produção de hortifrutigranjeiros utilizando um espaço máximo de 0,5 hectares por unidade produtiva, no intuito de reduzir o custo da cesta básica destas famílias. No segundo estágio, a partir da conclusão dos estudos da Associação Comunidade Ativa e do levantamento do bioma serrado existente no município, estaremos processando o mapeamento mês a mês dos produtos nativos existentes e das possibilidades de processamento de cada um. Declarou Farias.

No terceiro momento foi sugerido aos participantes, a formação de cooperativas, traçaremos com cada grupo formado as estratégias de ação para a coleta e transformação dos produtos da agricultura sustentável, estabelecendo mês a mês, dentro do que a legislação permite, as metas por família e por produto, atendendo assim o preceito básico da agricultura sustentável. “Entendemos que este é um projeto agregador de valor a pequena produção e de melhoria da renda do produtor e jamais poderá ser avaliado como uma máquina de fazer dinheiro num piscar de olhos. O trabalho é cooperativo, dividido e não individualizado”. Declarou Augusto Cesar, coordenador substituto do CPOrg em Mato Grosso do Sul.

Os passos seguintes, recomendados as comunidades representadas, promovem a confecção de projetos para a instalação de agro-indústrias para processamento de polpas e derivados de frutas selecionadas, além de instalar mini indústrias de processamento do óleo de bocaiúva e seus derivados para a produção se shampo, sabão, sabonetes e ingredientes para controle de pragas na produção orgânica.

Informações mais detalhadas sobre o assunto poderão ser obtidas com Augusto Cesar de Farias do Serviço de Política e Desenvolvimento Agropecuário da SFA/MS, através do telefone (067) 3316-7169 / 3316-7100 ou pelo e-mail: sepdag-ms@agricultura.gov.br .