Fonte: www.adital.com.br

Na próxima segunda (10), os presidentes do Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela, Equador, Paraguai e Bolívia se reúnem para o lançamento oficial do Banco do Sul, em Buenos Aires (Argentina). Mais do que para ser um Banco de crédito, o Banco do Sul nasce para dar fim à dependência financeira sul-americana em relação às Instituições Financeiras Internacionais (IFIs) e às exigências neoliberais, para a liberação de crédito, feitas por essas.

O Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), instituições comprometidas com os interesses norte-americanos na América Latina, e o Fundo Monetário Internacional (FMI), também comprometido e que condiciona seus empréstimos à redução dos gastos sociais e à privatização das empresas e serviços estratégicos dos países, têm a partir de domingo uma alternativa autônoma à economia neoliberal por eles pregada.

O novo Banco, idealizado pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, irá financiar a execução de projetos de infra-estrutura nos países latino-americanos, especialmente os que promovam o desenvolvimento social da região. Além disso, o Banco priorizará também o financiamento projetos fundamentais para a integração geopolítica do Sul, como: a infra-estrutura física terrestre, aérea e marítima; a rede de abastecimento alimentar; a rede do sistema integral de saúde; o sistema educativo para a transformação; e as conexões de oleodutos e gasodutos energéticos.

Em Carta Aberta aos presidentes dos sete países fundadores do Banco, o Jubileu Sul Américas disse que os movimentos sociais, que lutam contra o flagelo da dívida pública ilegítima e das políticas e práticas perversas das IFIs, entendem a abertura do Banco como um enorme passo e oportunidade não só para a América do Sul, mas para a América Latina, o Caribe e as outras regiões do Hemisfério Sul.

Para o Jubileu, o Banco é uma oportunidade “para superar as experiências negativas da abertura econômica; da privatização e desregulamentação do patrimônio público e dos serviços básicos; da ausência de democracia e transparência no comportamento de Banco Mundial, BID, FMI e Corporação Andina de Fomento (CAF)”. Mas a organização critica a falta de diálogo com a sociedade durante a construção do Banco do Sul e reivindica a participação de organizações e movimentos sociais nas tomadas de decisões do mesmo. A Carta pede ainda compromisso do Banco com a redução das desigualdades, o desenvolvimento e a soberania da região.

O Banco do Sul terá sede central em Caracas (Venezuela) e duas sub-sedes em Buenos Aires (Argentina) e La Paz (Bolívia). O capital inicial para o funcionamento do Banco será de sete bilhões de dólares. Esse aporte financeiro inicial foi dividido igualmente entre os países, assim cada país terá apenas um voto nas decisões do Banco.

A expectativa de Luiz Inácio da Silva, Néstor Kirchner, Tabaré Vázquez, Hugo Chávez, Rafael Correa, Nicanor Duarte Frutos e Evo Morales – presidentes dos países fundadores do Banco – é que com ele, as reservas internacionais de divisas dos países sul-americanos possam ficar na própria região, ao invés de serem colocadas nas mãos de instituições do norte. Além disso, os países que integrarem o Banco do Sul terão uma estratégia orientada para proteger suas políticas financeiras frente às flutuações nos mercados internacionais de valores – ataques especulativos – e à debilidade do dólar.

O historiador Edgardo Antonio Ramírez disse, ao sítio Aporrea, que, com essa nova concepção de financiamento internacional, a América do Sul promove o “desenvolvimento através dos princípios de cooperação, solidariedade e respeito mútuo, com o objetivo de articular a soberania dos estados com a autodeterminação dos povos”.