Fonte: www.adital.com.br
A data de abertura dos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, 13 de julho, marcará também a realização de um ato pacífico contra a violência policial que tem afetado seriamente a população pobre da cidade. A manifestação terá início às 11 horas da manhã e será em frente à sede da Prefeitura carioca, na Avenida Presidente Vargas (Centro). Um enorme esquema de segurança, incluindo a invasão de favelas, foi montado para afastar a população mais pobre das áreas dos jogos o que tem resultado em mortes e atos de terrorismo contra a população.
Organizado pelos movimentos sociais, como o MST (Movimento Sem-Terra) e a Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas), o ato quer chamar atenção para o fato de que os Jogos têm servido de justificativa para ocupações militares em bairros pobres, expulsão violenta de milhares de famílias de suas casas (localizadas ao redor dos estádios e vilas olímpicas), perseguição mais intensa aos vendedores ambulantes e aos que vivem nas ruas.
Para José Maria, coordenador da Conlutas, o que está acontecendo nos morros do Rio é uma agressão brutal contra todo o povo, os movimentos sociais não são a favor do tráfico, mas entendem que para combatê-lo efetivamente, as autoridades do estado têm que buscar a chefia “que não mora no morro do Alemão. Provavelmente mora na zona Sul. Tem-se que ir aos bancos, buscar saber onde está o dinheiro do tráfico”.
Além das graves denúncias de violência, o Pan do Rio também números inexplicados. Foram investidos mais de R$ 4 bilhões para a realização dos Jogos, no entanto, várias obras foram realizadas sem licitação e os custos até o momento já ultrapassam em até 1.500% os valores que foram inicialmente previstos.
Ante a gravidade das operações policiais nos morros cariocas, com a morte de inocentes, e a aproximação do início do Pan um grupo de acadêmicos que reside e pesquisa na cidade do Rio de Janeiro decidiu se manifestar: “consideramos inaceitável a política encaminhada pelo governo do estado no Morro do Alemão nos últimos dois meses com vistas a combater o tráfico de drogas. Esta política, que recentemente produziu mais de vinte mortes de homens, mulheres e crianças, desconsidera os direitos elementares da população. Desconsidera a obrigação de se respeitar a presunção de inocência daqueles que são alvos de tiros dados para matar. Desconsidera-se que não há pena de morte no nosso país”.
Assinado por intelectuais como Luiz Antonio Machado da Silva (Iuperj/UFRJ), Patricia Birman (Uerj), Márcia Pereira Leite (Uerj), Plínio de Arruda Sampaio (UNICAMP) e Francisco de Oliveira (USP) o manifesto critica ainda a “ausência de proteção aos moradores das regiões da cidade mais afetados pelo tráfico implica uma política de extermínio de uma população desarmada. Quanto ao que já ocorreu, exigimos transparência: que sejam fornecidos dados sobre as vítimas e investigadas as responsabilidades pelas mortes e ferimentos ocasionados pelas «operações» policiais. Admitimos que a proximidade do PAN pode exigir planos de segurança especiais para a cidade. O que não justifica, no entanto, o que parecem ser, cada vez mais, massacres organizados”.