Fonte: http://www.cut.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=6169&sid=21
Por ser a primeira manifestação do movimento social já com o governo reeleito, ganha relevância especial a 3ª Marcha do Salário Mínimo, a ser realizada na primeira quinzena de dezembro. Marchando sobre Brasília, o conjunto do movimento sindical estará unido para cobrar a efetivação de uma política permanente de valorização do Salário Mínimo, a correção da tabela de Imposto de Renda e a Redução da Jornada de Trabalho Sem Redução de Salários. Será a demonstração inicial de como se comportará a CUT – que apoiou decididamente, desde o primeiro momento, a reeleição do presidente Lula – perante o novo momento político.
A contraposição de projetos, discutida mais claramente com a realização do segundo turno, realocou forças políticas e deu a linha de como deverão atuar os movimentos sociais. Ficou patente, pela retumbante vitória de Lula, que as mais amplas parcelas do povo resolveram dobrar a aposta na candidatura que melhor representou um novo projeto de desenvolvimento para o país. Mais do que isso, o pífio desempenho do tucano, que perdeu quase 2,5 milhões de eleitores do primeiro para o segundo turno, é prova de que aumentou a consciência política da população e que a grande maioria rechaça firmemente os representantes do neoliberalismo.
É certo, porém, que a disputa com as elites não terminou com a derrota eleitoral sofrida pelo PSDB. No dia seguinte à apuração, a mídia hegemônica se apressou em pautar o governo para o eterno lenga-lenga da necessidade de redução de gastos, do enxugamento da máquina, da responsabilidade fiscal, enfim, da ortodoxia no trato da economia. Os jornalões e a televisão viraram seus canhões para aqueles que, dentro do governo, assumem abertamente o discurso do desenvolvimento. A intenção é clara: ganhar no tapetão, impondo pela intimidação, a agenda que foi derrotada nas urnas.
Portanto, é obrigação dos movimentos sociais cobrarem do próximo governo o cumprimento dos compromissos eleitorais assumidos. Afinal, Lula ganhou por ampla margem quando assumiu o discurso do desenvolvimento, do crescimento econômico acentuado, da distribuição de renda, da geração de empregos e da manutenção e ampliação dos programas sociais.
O próprio presidente tem dito que o nome de seu segundo mandato será “desenvolvimento, com distribuição de renda e educação de qualidade” e que agora não caberão mais as comparações com o desgoverno tucano. O mesmo Lula foi taxativo em seu peimrio discurso como presidente reeleito: “Estão aqui meus companheiros sindicalistas. Eu quero dizer para vocês: reivindiquem tudo que vocês precisarem reivindicar”. Tudo somado, a CUT deve tomar a linha de frente – desta vez sem o receio de desgastar o governo e fazer coro com a direita -, e cobrar uma guinada pró-desenvolvimento no próximo período. Atender os anseios dos trabalhadores, expressos nas reivindicações da Marcha do Salário Mínimo, é a primeira grande oportunidade do governo de fazer valer o resultado que emergiu das urnas.