Fonte: Letra Viva – MST (semterra@mst.org.br, letraviva@listasbrasil.org)
Companheiros da Economia Solidária, acompanhamos todos os dias diferentes tipos de violências e não nos calamos frente a elas. Agora, quando os povos libanês e palestino, homens, mulheres e crianças, estão sendo vítimas do bombardeio israelense devemos nos manifestar.
Junto com outros movimentos sociais, nesse momento tão incompreensível da história da humanidade, nos unimos para exigir o cessar-fogo imediato de Israel. Acreditamos que a Paz será uma construção através da solidariedade entre os povos.
Segue a carta da Federação Mundial das Juventudes Democráticas Coordenação dos Movimentos Sociais Comunidade Árabe do Distrito Federal (Palestinos, Libaneses e Sírios)
Cesse imediatamente a agressão contra os povos libanês e palestino!
O Oriente Médio vive tremenda instabilidade graças à agressividade crescente do imperialismo, que usa todos os meios para conseguir seus objetivos. A Federação Mundial das Juventudes Democráticas, a Coordenação dos Movimentos Sociais e a Comunidade Árabe no Distrito Federal expressam sua aversão e veemente condenação dos ataques de Israel contra Líbano e Palestina, causando centenas das mortes e feridos entre os povos Libanês e Palestino.
A maquinaria da guerra de Israel – alicerçada pelos E.E.U.U. e seus aliados – está cometendo massacres contra o povo Libanês e Palestino, matando inocentes, destruindo suas sociedades e economias e devastando seus territórios. Estas ações militares recentes somente reafirmam uma única e justa posição: condenar as interferências estadunidenses nos assuntos internos do Líbano e suas tentativas de provocar instabilidade no país e na região para alvejar Síria, Palestina, Iraque e, indiretamente o Irã. Anseiam por mudar o mapa político e geográfico da região e levar adiante seu projeto imperialista de um “Grande Oriente Médio”, sob as consignas de “luta contra o terrorismo”, “desmantelar arsenais de armas de destruição em massa” e “democratizar regimes”.
Por termos percorrido uma longa estrada de lutas encabeçadas pelo povo para ter democracias reais em muitos países, acreditamos que o único caminho para um processo de democratização deve ser o que venha do livre desejo dos povos nas suas lutas diárias, e não por qualquer intervenção imperialista desatada somente para explorar os povos e os recursos naturais da região.
As últimas notícias vindas do Líbano são extremamente alarmantes. As tropas israelenses têm destruído maciçamente a infra-estrutura libanesa, atingindo o aeroporto, as pontes, as estações energéticas, os edifícios públicos e as propriedades privadas. Israel viola uma vez mais a soberania e a integridade territorial de Líbano, bombardeando alvos civis e aterrorizando a população de Beirute e de outras regiões, como no sul do país. A destruição é cruel para as vítimas, especialmente às crianças.
Ao mesmo tempo, impôs um bloqueio aéreo, marítimo e terrestre com todos os danos que estes causam à população Libanesa. Milhares de Libaneses e estrangeiros de diversas nacionalidades tiveram de fugir às pressas do país para protegerem-se dos bombardeios Israelenses.
Tais ataques, lançados sob o pretexto da captura de soldados israelenses, e pretensamente visando apenas alvos militares, na verdade ocultam que os ataques de Israel foram muito além e as populações civis são as principais vítimas, entre os quais, vários brasileiros, gente de paz e inocente, assim como milhares de libaneses e palestinos.
Ademais, não é possível esquecer que Israel mantém mais de 10 mil palestinos, libaneses e outros prisioneiros árabes em suas prisões, claramente por motivações políticas.
Expressamos nossa profunda solidariedade com as organizações libanesas irmãs, assim como com todas as forças progressistas e patrióticas no Líbano, confiando que – como foi no passado – será possível resistir à agressão, defender e preservar a independência, a soberania e a unidade territorial do país.
Consideramos que todos estes anos de agressão Israelense e ocupação contra o povo Palestino ensinam que o uso da força e da agressão, a construção de muros para a separação e os assentamentos não são a solução. Expressamos nossa grande apreensão pelos contínuos crimes contra a Humanidade promovidos pelo terrorismo de estado e as forças de ocupação israelenses contra o povo palestino na Faixa de Gaza e na Margem Ocidental, com a destruição das infra-estruturas civis e edifícios públicos, o aprisionamento de líderes e representantes Palestinos, incluindo membros do governo, o que reflete uma escalada perigosa, com uma agressividade surpreendente por parte de Israel.
Reiteramos nossa posição de apoio às organizações irmãs na Palestina e à luta deste povo contra a ocupação Israelense, por um estado Palestino independente, com capital em Jerusalém Oriental, e pelo direito de retorno dos refugiados Palestinos. Lutamos pelo desmonte imediato do muro do apartheid, que Israel está construindo em territórios ocupados na Palestina. Consideramos que todas as etapas para chegar a uma solução devem ter como princípio os direitos do Povo Palestino, com base nas decisões já tomadas pelas Organizações Unidas. A FMJD acredita que o caminho à paz e à segurança para ambos os povos é a existência de dois estados para dois povos.
As recentes declarações da Cúpula do G-8, havido em São Petersburgo, Rússia, revelam claramente as intenções imperialistas para o Oriente Médio. Está claro que tentam envolver a Síria na situação atual com o objetivo de enviar uma força militar internacional à região, abrindo passagem para a presença de tropas estadunidenses e britânicas em solo libanês, o que já tinha sido tentado após o assassinato de Rafik al-Hariri no Líbano. A inexistência de uma clara condenação dos ataques israelenses por parte da ONU, particularmente pelo seu Conselho de Segurança, – pelas posições dos EUA – sublinha a necessidade de uma verdadeira democratização das Nações Unidas, oposta aos intentos dos EUA e aliados de impôr reformas que consolidem o uso desta organização multilateral como ferramenta internacional de legitimação das ações intervencionistas. Ao contrário, queremos que cumpra sua obrigação, procurar um equilíbrio entre as nações, assegurando deveres e direitos iguais e lutamos pelo fortalecimento da Assembléia Geral.
Neste grave e perigoso cenário, é também importante valorizar a coragem e o importante papel jogado pelas organizações irmãs em Israel que, ao lado de outras forças progressistas, todos os que amam a democracia e a paz, nos esforçamos para deter a ocupação e a violência do Estado de Israel que golpeia a paz, a liberdade, a independência, a soberania nacional e o progresso social dos povos Libanês e Palestino.
E também denunciamos os intentos estadunidenses de exportar esta barbárie para a América do Sul, deliberadamente estimulando mentiras e preconceitos que possam legitimar a instalação de uma base militar ianque no Paraguai, dominando o Aqüífero Guarani, e desatando ofensiva contra a comunidade Árabe que pacificamente vive em nosso subcontinente, plenamente integrada e merecedora da amizade das populações de nossos países, porque somos todos latino-americanos.
Denunciamos o preconceito e a campanha de estigmatização, racista e cruel contra os povos árabes, contra quaisquer religiões, ademais que se trata de mais de um bilhão de pessoas que tem enfrentado difamações, ataques armados, hostilidades sistemáticas. A Humanidade é uma só, os povos não são inimigos dos povos, nem as religiões. O imperialismo sim é ameaça à Humanidade, mas não vencerá. Os povos é que vencerão.
Assinam esta Declaração Pública: Federação Mundial das Juventudes Democráticas Coordenação dos Movimentos Sociais Comunidade Árabe do Distrito Federal (Palestinos, Libaneses e Sírios)