Fonte: http://www.institutodacidade.org.br/noticias.php?id=210
Por: Edla Lula (Repórter da Agência Brasil)
Brasília – No Brasil e na América Latina, a economia solidária nasceu, especialmente na década de 90, como reflexo dos movimentos sociais de combate à pobreza.
Um empreendimento solidário pode surgir da união de moradores de uma mesma comunidade, como é o caso da Paramazon, no Pará, ou da associação de trabalhadores de uma mesma atividade. É o caso dos integrantes da cooperativa dos agricultores familiares da Usina Catende, em Pernambuco.
Criada em 1995, a cooperativa é resultado da união dos trabalhadores que, em uma experiência inédita na Zona da Mata, evitaram o fechamento e perda do patrimônio da Usina Catende, afastaram os antigos donos e se tornaram os administradores.
São 4.500 famílias que construíram uma grande empresa de autogestão, com desenvolvimento de diversos empreendimentos de agricultura familiar, como produção de cana-de-açúcar e pecuária. “Na região da cana-de-açúcar, onde predominam o latifúndio, a exploração do trabalho e a fome na entressafra, temos uma experiência que dizimou esses males entre os trabalhadores”, comenta Lenivaldo Lima, um dos cooperados do projeto Catende.
Somente com a cana-de-açúcar, a empresa vai lucrar este ano mais de R$ 6 milhões. “Alguma dificuldade a gente tem, mas fome a gente não passa nem no período de entressafra”, diz o agricultor.
O projeto Catende envolve também alfabetização de crianças, jovens e adultos, o que em dez anos reduziu o analfabetismo de 85% para 17% da comunidade.
A experiência de Lenivaldo e a de outros 25 empreendimentos foi apresentada durante a oficina preparatória à 1ª Conferência Nacional de Economia Solidária, que terminou hoje (16). Além de cooperados, o evento reuniu também representantes do governo e de organizações não-governamentais.