Fonte: Jornal O Povo (www.opovo.com.br)

No Ceará, a Obra Kolping, Cáritas Brasileira e Fundesol conseguiram aprovação no programa que está financiando 17 projetos de pequenos negócios de caráter solidário no Nordeste, Norte de Minas Gerais e do Espírito Santo

O Programa de Apoio a Fundos Solidários Produtivos no semi-árido nordestino receberá cerca de R$ 1,3 milhão no primeiro semestre deste ano. O dinheiro vem do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Em 2005, o Fundo recebeu aplicações da ordem de R$ 1,6 milhão.

Ao todo, de acordo com o MTE, 17 projetos de pequenos negócios de caráter solidário serão financiados com créditos subsidiados pelo programa, que abrange o Norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, além dos estados do Nordeste. O leque de empreendimentos é vasto, indo desde padarias e oficinas de costura à construção de casas de sementes e pastos coletivos para a criação de gado. Estima-se que 3 mil famílias excluídas do sistema financeiro, sem acesso nem mesmo ao microcrédito, sejam beneficiadas com a iniciativa.

No Ceará, três projetos conseguiram aprovação no programa. À Obra Kolping do Brasil foram destinados R$ 60 mil. Para a Cáritas Brasileira, seção Ceará, couberam R$ 105 mil. Em ambos os casos, o dinheiro já foi liberado e os recursos já estão sendo aplicados nos projetos. A terceira beneficiada cearense é a Fundesol, que irá contar, segundo seu diretor-executivo, Paulo Roberto Gimenez, com R$ 100 mil após a liberação do crédito.

Antônio José Cunha, assessor de projetos da Obra Kolping do Brasil, diz que a verba financiará sete empreendimentos, com R$ 8 mil cada. Dois deles já estão definidos: uma lanchonete em Acarape e uma cooperativa de produção de doces em Pernambuco. “Embora tenhamos uma coordenação estadual, atuamos em todo o Nordeste”, explica Antônio José. Segundo ele, cada projeto deve contar com pelo menos três associados e até o final de abril os demais beneficiados já devem estar definidos. Os R$ 4 mil restantes serão destinados a cobrir gastos com cursos de capacitação gerencial e administração.

O destino da verba conquistada pelo projeto Sementes da Solidariedade, da Cáritas Brasileira, é viabilizar a construção de doze casas de sementes equipadas em comunidades de doze municípios cearenses, além de capacitar agricultores e agricultoras na gestão do negócio.

No caso da Fundesol, uma agência de desenvolvimento local de sócio-economia solidária, a idéia é aplicar R$ 27 mil para projetos em cada um dos seguintes setores de atuação: confecção, coleta seletiva e reciclagem do lixo e alimentação. Segundo ele, 90 famílias devem ser atendidas. (Adriana Albuquerque)

Foco na geração de renda

Segundo José Antônio Cunha, a Obra Kolping do Brasil apoiou 30 iniciativas de geração de renda no Ceará nos últimos quatro anos. São cerca de 120 famílias beneficiadas. “Arriscaria dizer que mais da metade dos projetos funciona até hoje e dá uma sobrevivência para quem está envolvido”, afirma.

Ele conta que muitas dessas iniciativas foram viabilizadas pelo próprio fundo da Obra Kolping, mantido através de doações de famílias da Alemanha. Nesses casos, assim como para os novos beneficiados pelo financiamento do BNB/Senaes, é estabelecido um prazo para que o dinheiro financiado seja devolvido ao fundo. “Não chega a ser um microcrédito, porque não tem juros, nem correção”, explica.

Os beneficiados no Sementes da Solidariedade, da Cáritas Brasileira, também terão que devolver o investimento. “Vai ser formado um fundo rotativo da comunidade para possibilitar uma sustentabilidade. Mas ainda vamos discutir de que forma eles irão retornar esse dinheiro. O prazo também deve ser estabelecido por eles mesmos”, explica Alessandro Nunes.

O mesmo vale para a Fundesol. “Trabalhamos a capacitação do pessoal de forma coletiva, mas o crédito é individual, começando com R$ 250 e podendo chegar a até R$ 2 mil se cumprir todas as etapas de pagamento”, ressalta Roberto Gimenez. Ele explica que a Fundesol mantém um fundo rotativo, com juros muito pequenos.