Fonte: Lycia Ribeiro (lyciaribeiro@uol.com.br)
Leônidas Albuquerque
O governo venezuelano e a Prefeitura de Fortaleza assinaram ontem uma carta de intenções que contempla ações de intercâmbio para o fortalecimento mútuo das iniciativas de economia solidária. Em visita oficial à Capital, os ministros da Economia Popular, Elias Jauá, e da Integração e Comércio Exterior, Gustavo Marquez Marín, se reuniram ontem com a prefeita Luizianne Lins.
Do encontro, ficou definido que as duas administrações vão trabalhar com o fortalecimento das iniciativas de economia local e popular nas duas áreas. Com esse propósito, devem ser privilegiadas três linhas de atuação básicas. A primeira diz respeito ao estabelecimento de um intercâmbio técnico entre os órgãos, de modo a compartilhar as experiências em torno do suporte às organizações dessa natureza.
Em um momento posterior, o ministro Elias Jauá espera a viabilização de uma “rede de comércio solidário” entre o Nordeste Brasileiro e a Venezuela. Ele se refere a um nível de integração nessas iniciativas que possibilite o fluxo de produtos oriundos da economia solidária entre a Venezuela e Fortaleza. “O Governo Chávez percebe a integração da América Latina como um processo que deve unir os povos, da maneira democrática mais profunda”, defende.
O terceiro ponto ainda depende de negociações posteriores a ocorrerem no âmbito do Governo Federal. A proposta do governo venezuelano é criar uma espécie de fundo latino-americano para financiar iniciativas de microeconomia solidária no continente. Esses pontos devem ser retomados em uma visita que a prefeita deve realizar ao país durante o Fórum de Autoridades Locais (FAL), que ocorre antes do Fórum Social Policêntrico, a ser ralizado em Caracas no fim deste mês.
MACRO – No que se refere ao comércio internacional e à economia tradicional, os ministros destacam também grande potencial nas relações entre o Ceará e a Venezuela. Turismo, artesanato e indústrias são considerados os três pontos essenciais. Gustavo Marquez Marín afirma que o perfil da relação econômica entre a Venezuela e o Nordeste brasileiro deve expandir-se, englobando questões como o abastecimento energético, através da Refinaria de Petróleo Instalada em Recife, uma parceria entre a Petrobas e a venezuelana PDVSA .
No campo industrial, o fornecimento dos insumos industriais da Venezuela para o Brasil é visto como possível alavancador de negócios. “Nós (da América Latina) acabamos comprando de outros países, quando poderíamos privilegiar e fortalecer o continente”, opina. Alumínio, ferro e minerais encabeçam a lista desses possíveis produtos.
Gustavo Marquez Marín acredita ainda numa possibilidade de “complementação entre os pólos industrias nordestinos e venezuelanos”, fortalecendo cadeias que podem ser desenvolvidas conjuntamente. Ele ilustra o potencial com a fabricação de plásticos.
Foi proposto pela delegação venezuelana a realização de um encontro inter-regional de negócios para abrir espaço às negociações nesse sentido.