Fonte: Fase (Fausto Oliveira) para o Boletim Cidadania (http://www.cidadania.org.br)
Um novo projeto pode dar um impulso considerável à economia solidária brasileira. Trata-se do Proninc, Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas Populares, do qual a Fase participa na avaliação e sistematização dos saberes produzidos. Em síntese, o programa estabelece uma teia de incubadoras de cooperativas, cuja função é contribuir de variadas formas para o sucesso de iniciativas sócio-econômicas populares e coletivas, com expressivo potencial de geração de renda e trabalho. Estas iniciativas são, em geral, cooperativas de produção ou serviço espalhadas pelo Brasil, e as 32 incubadoras ligadas ao Proninc prestam assessoria para que elas possam, no prazo de dois anos, se fortalecer a ponto de virar alternativa de trabalho definitiva para cidadãos brasileiros cada vez menos esperançosos de viver de emprego formal.
A gestão do Proninc é de responsabilidade da Secretaria Nacional de Economia Solidária, Financiadora de Estudos e Projetos, Ministério do Desenvolvimento Social, Banco do Brasil, Fundação Banco do Brasil e duas redes de incubadoras (Rede Unitrabalho e Rede Universitária de ITCPs). Ana Paula Varanda, técnica da Fase, explica qual a participação da instituição nesse projeto, que também conta com órgãos governamentais e universitários. “Estamos avaliando e sistematizando as metodologias de incubagem, as relações das incubadoras com os grupos, a relação delas dentro das universidades e a sistematização dos saberes envolvidos diretamente na metodologia de incubagem”, diz.
Enquanto o papel das incubadoras ligadas a universidades é prestar assessoria direta aos grupos de trabalhadores, o papel da Fase é acompanhar esse processo para formular uma visão crítica que contribua para a evolução da economia solidária no Brasil.
As incubadoras acompanhadas pela Fase têm sob sua supervisão entre dois e quinze grupos de trabalhadores organizados. “As cooperativas e empreendimentos solidários têm uma produção muito variada. As incubadoras que atuam em cidades pequenas e médias têm um perfil de cooperativas de produção. As incubadoras que atuam em regiões metropolitanas têm um perfil de cooperativas de serviço”, afirma Ana Paula. Já as incubadoras atuam diagnosticando potencialidades, fazendo planos de negócios, análises de viabilidade dos produtos e outras assessorias técnicas para grupos de pessoas que, com ajuda, podem produzir muito e bem.
Após os dois anos de duração do Proninc, estes empreendimentos solidários poderão, certamente, andar com as próprias pernas. Isso significa que milhares de famílias brasileiras passarão a ter mais segurança econômica, estabilidade para tocar suas vidas e, com isso, os benefícios da conquista de direitos sociais e de cidadania. Se, na sociedade capitalista, ter um trabalho é condição para que o cidadão permaneça em um paradigma de dignidade, o próprio sistema tem mecanismos perversos que exclui milhões do direito ao trabalho. As alternativas produtivas não concentradoras de renda – os empreendimentos coletivos solidários – são uma forma de devolver o direito de trabalhar a milhões de pessoas ao redor do mundo que sofrem na pele a longa e dramática crise do emprego.