Autora: Rosemary Gomes (rgomes@fase.org.br)

Participei do I Planejamento do Instituto FACES do Brasil. Agora, depois de 4 anos de seminários, audiências públicas e encontros regionais, chegamos a um momento de definição sobre a diferenças entre uma ferramenta operacional (Ong FACES), acompanhemento de projetos pilotos e testagem de modelos; e construção coletiva de um sistema nacional de comércio ético e solidário. Separamos o que será responsabilidade de um grupos de entidades de assessoria, federações de trabalhadores, certificadoras e o papel de animar um Fórum de Comércio Ético e Solidário.

Entedemos que a nova ong FACES será apenas um dos elos de construção de um Sistema Nacional e apresentará através de seus pilotos a possibilidade de checarmos alternativas, debater uma metodologia de processos, sistematizar as experiências em redes locais que já funcionam apontando as fortalezas e fraquezas e como superá-las.

Nosso coletivo reunido em RECIFE consensuou no sentido da construção de um sistema nacional de comércio alternativo (cujo foco central é o mercado interno, as relaçoes sul-sul, sem dizer com isso que o mercado externo não será levado em consideração, apenas não será o central de atenção). As entidades presentes consolidaram um conselho político em que farão parte entidades e redes representativas dos setores produtivos (trabalhadores). Convidadas até agora estão : UNISOL, FBES, RBSES, UNICAF, REDE ECOVIDA, ANA.

Esse conselho político definirá e acompanhará o processo saído do planejamento dessa Ong (vide planejamento de 2005 em breve no site FACES). Dentre essas atividades está o de animar um Fórum Nacional de Comércio Ético e Solidário. A partir de agora, dentro do instituto, entre outras tarefas eu terei a responsabilidade de formar uma lista própria aberta e animada por moderador(r@s) temático(s). Minha idéia para iniciar seria convidar pessoas de diversos segmentos e movimentos, de muitas outras Redes como ITCPs,Unitrabalho, Anteag, ADS-CUT. Sempre aquelas pessoas que dentro da sua estrutura estejam diretamente ligadas ao tema da produção, comercialização e consumo responsável para, numa participação inicial, levantar uma questão e durante um certo período animarem debates sobre questões especificas relacionadas à construção de um novo sistema de comercialização).

O formato, a animação e outros detalhes operacionais serão discutidos e negociados nesse coletivo, o papel da ONG será garantir recursos para esse funcionamento e encontros presenciais e ou nacionais desse Forum (lugar de encontro de iguais e diferentes) que tenham em comum a vontade de avançar na construção do sistema nacional CES (Comércio Ético e Solidário). Incluiria também temas polêmicos e/ou pouco debatidos como responsabilidade social de empresas, modelos de certificação, acreditação, balanço social de cooperativas. Estes temas terão espaços garantidos, desde que acha interessados e animados em debatê-los.

Eu, enquanto participante da RBSES, FBES e agora também do Comitê de Gestão do Instituto FACES do Brasil, acredito que foi um momento muito importante por duas razões:

1) esclarecer entre esse coletivo, antes conhecido como FACES do BRASIL, uma série de imprecisões conceituais entre Economia Solidária, Comércio Justo e Comércio Ético e Solidário: apontar diferenças de interesses e de prioridades, mas acima de tudo repactuar o mínimo que nos unifica hoje numa estrutura operativa, porém limitada e que somente terá governabilidade sobre aquilo que planeja e sob a responsabilidade desses participantes.

2) reconhecer nossa limitação enquando coletivo reduzido a algumas organizações de apoio, ampliar as bases de representação do Instituto e acima de tudo nos reservar o papel de meros animadores de processo que deve estar cada vez mais aberto à participação através de um Forum Temático e garantindo suas formas operacionais de comunicação com aqueles estão na internet e com os que não estão, mas que são os principais interessados no novo modelo de sistema de comercialização.


Para isso aceitei o desafio de buscar outras redes e movimentos sociais e dialogar a possibilidades de construirmos juntos um Fórum comum de debates. Penso no MST/Via campesina brasil (comércio e soberania alimentar); redes e movimentos agroecológicos (modelo de produção e comercialização em redes locais), redes e processos organizados por cadeias produtivas (mercados locais e desenvolvimento regional), GT de estruturas e redes como RBSES, FBES e SENAES (produção, comercialização e consumo).

Com as autonomias dos processos de cada Rede, Forum, GT, organização, cooperativa, sindicato estando garantidas e respeitadas, teremos num Fórum Nacional de CES um lugar de encontro e de cooperação, onde cada organização poderá encontrar nos demais apoio, checagem, compartilhamento etc. num dos temas em que a Economia Solidária e diversos movimentos sociais pautam como prioritário.