Por Webert da Cruz / IMS (welias@marista.edu.br)

Entidades, coletivos, Empreendimentos Econômicos Solidários, cooperativas e movimentos sociais do Brasil participaram do 2º Encontro Nacional da Rede Juvesol – Juventudes e Economia Solidária. De 13 a 16 de dezembro na Universidade da Paz – Unipaz no Distrito Federal, o encontro contou com participação de todas as regiões do país para discutir e construir a participação e protagonismo da juventude na Economia Solidária.

Fortalecer a articulação da juventude do campo e da cidade, impulsionar o fomento de redes de cooperação e Empreendimentos Econômicos Solidários de jovens, fortalecer a Rede Juvesol, realizar o planejamento para 2016 e organizar incidência política com foco na 3ª Conferência Nacional de Juventude foram algumas questões do 2º Encontro Nacional da rede.

“Acredito que o principal desafio das juventudes da Economia Solidária hoje no Brasil é pensar suas formas de organização, desde núcleos de juventudes nos empreendimentos já existentes até a criação de novos grupos, pensar suas formas de trabalho, cadeias produtivas, metodologias, enfim, construir uma identidade em um movimento que até tempos atrás não tinha despertado para este segmento que sempre esteve presente, mas que nunca tinha sido pensado e nem oportunizado” afirma Ingrid Silva, integrante da Rede Juvesol e do Empreendimento Econômico Solidário Agrofito, que desenvolve trabalhos de artesanatos, agricultura familiar, cultura e fitoderivados em Lagoa dos Velhos, Rio Grande do Norte.

Diversas cadeias produtivas criativas realizadas pela juventude estão espalhadas pelo Brasil. Experiências que renovam linguagens sobre o exercício do trabalho e que, na perspectiva dos valores da economia solidária, tem criado uma potência transformadora do olhar sobre as políticas públicas para o direito ao trabalho para a juventude, principalmente baseadas nas experiências coletivas, associadas e de autogestão.

Juliana Gonçalves do Instituto Kairós e da Juvesol diz que o protagonismo da juventude na Economia Solidária tem se revelado com cada vez mais potente pela capacidade de revigorar o movimento e se fortalecer mutuamente. “A juventude quer vislumbrar alternativas de trabalho, diante de um modelo tradicional hierarquizado, alienante, explorador. A Economia Solidária, por sua vez, carece de renovação de suas linguagens e abertura para novas cadeias produtivas, por exemplo, vinculada às práticas juvenis nos campos da cultura e tecnologias.” afirma Juliana.

Paul Singer e Juvesol

No penúltimo dia de encontro, a Juvesol recebeu a visita do professor, economista e Secretário Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Previdência Social Senaes/MTPS, Paul Singer. “A importância da juventude na economia solidária é enorme. Não tem limites. Não só pelos jovens serem nossos sucessores, em pouco tempo, mas porque trazem para nós, adultos e velhos, uma visão nova.” afirma Paul Singer.

Quando questionado sobre como os jovens poderiam contribuir para o movimento de Economia Solidária, Singer afirma que a Rede Juvesol já está contribuindo e que não é uma coisa futura. “Claro que no futuro poderá ser melhor, mais amplo, profundo, mas a Juvesol já dá uma contribuição extremamente importante pelo fato de formar um movimento. A forma que a rede tem de organizar-se traz inspiração para nós.” confirma o professor.

Além da Senaes, o encontro recebeu o Secretário Nacional de Juventude da Presidência da República, Gabriel Medina, representantes do Ministério da Cultura e do Ministério do Desenvolvimento Agrário e discutiram com a rede sobre políticas públicas de Economia Solidária e Juventude. O encontro também antecedeu a 3ª Conferência Nacional de Juventude que aconteceu em Brasília, no qual contou com a participação de integrantes da Juvesol como delegados, observadores e convidados que incidiram politicamente nas propostas pelo trabalho associado e Economia Solidária para jovens do campo e da cidade.